Guiné Equatorial considera “ridículo” artigo acusando país de financiar a Beija-Flor

beija_flor_01 (ricardo moraes - reuters)Desculpas demais – O governo da Guiné Equatorial negou, através de comunicado divulgado nesta quinta-feira (19), ter oferecido qualquer ajuda financeira à escola de samba Beija-Flor, campeã do carnaval do Rio de Janeiro com um enredo em homenagem ao país africano comandado há 37 anos pelo ditador Obiang Nguema Mbasogo. No documento, o porta-voz do governo afirma que a iniciativa de dedicar o enredo à Guiné Equatorial partiu das empresas brasileiras que trabalham no país.

A polêmica sobre a suposta ajuda financeira do governo da Guiné Equatorial à escola de samba de Nilópolis ganhou repercussão mundial e vários jornais e agências de imprensa reproduziram a informação do jornal “O Globo” de que o pobre país africano teria injetado R$ 10 milhões nos cofres da Beija-Flor.

A reportagem do jornal norte-americano “The Wall Street Journal” chegou a publicar uma foto identificando o presidente Teodoro Obiang Nguema em um camarote VIP do Sambódromo prestigiando o desfile da escola de samba.

O comunicado do governo da Guiné Equatorial, assinado pelo ministro das Comunicações, Teobaldo Nchaso Matomba, esclareceu que o jornal publicou uma informação falsa porque no dia do desfile o presidente estava participando, em Yaundé (República dos Camarões), de reunião de combate ao grupo ultrarradical Boko Haram.

Em outro comunicado, o Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), fundado pelo presidente Obiang Nguema Mbasogo, tratou de “ridícula” a reportagem do “The Wall Street Journal”, ironizando o jornal nova-iorquino e a renomada agência Associated Press que teriam conseguido o “impossível”, ou seja, fazer o presidente aparecer em dois lugares ao mesmo tempo.

A nota do PDGE informa que o diário estadunidense confundiu o presidente Obiang com um membro da delegação do país que participou de um trabalho conjunto do Balé Nacional Ceiba da Guiné Equatorial com a Beija-Flor.

Contribuição com material e informação

Os dois comunicados afirmam ainda que o governo da Guiné Equatorial apenas contribuiu com material e informações para a escola de samba carioca. “A própria escola Beija Flor negou ter recebido o financiamento milionário informado pelos meios de comunicação, sem provas nem documentação”, destaca a nota do PDGE.

Já o jornal de oposição Rombe publicou reportagem ilustrada com uma foto do segundo vice-presidente da Guiné Equatorial encarregado da Defesa e Segurança do Estado, Teodoro Nguema Obiang Mangue, em um dos camarotes do Sambódromo.

De acordo com a reportagem, o filho do presidente Obiang esteve no carnaval do Rio de Janeiro acompanhado de uma comitiva de trinta membros, entre eles empresários, amigos e integrantes do governo. Todos se hospedaram “no hotel mais famoso do Rio de Janeiro” (Copacabana Palace) e os gastos serão pagos pelos contribuintes do país, informa o jornal Rombe. (Com RFI)

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