Petrolão: Dilma abusa da desfaçatez ao afirmar que investigação deveria ter começado nos anos 90

petrobras_18Cortina de fumaça – Quando o UCHO.INFO afirmou a alguns políticos, horas depois do início da atual legislatura, que uma nova CPI da Petrobras seria inócua e abriria caminho para o PT promover uma balburdia na esteira do Petrolão, muitos desconfiaram da nossa tese. Na ocasião, destacamos que os parlamentares petistas, cumprindo ordens explícitas da cúpula do partido, se empenhariam para arrastar a oposição para o olho do furacão.

Duas semanas depois do nosso alerta, os petistas começam a sinalizar com a possibilidade de convocar integrantes do governo de Fernando Henrique Cardoso para depor na CPI, que começará a funcionar na próxima quinta-feira (26). De chofre a estratégia petista pode parecer absurda, mas servirá para que o partido mais uma vez embolse a apuração dos fatos, o que já vem sendo feito com muita competência pelos membros da força-tarefa da Operação Lava-Jato.

Nesta sexta-feira (20), após sumiço de um mês e meio, a presidente Dilma Rousseff retornou ao cenário político a bordo do seu conhecido besteirol, acionado quando o desgoverno do PT está em dificuldades. Disse a presidente da República que os casos de corrupção na Petrobras vieram à tona porque atualmente há mais investigação.

A presidente criticou a impunidade em governos anteriores, sem citar nomes, mas em intrínseca referência ao governo FHC, como se o Petrolão não fosse uma obra exclusivamente petista. “Se em 1996, 1997 tivessem investigado e tivessem, naquele momento, punido, não teríamos o caso desse funcionário da Petrobras que ficou quase 20 anos praticando atos de corrupção. A impunidade leva a água para o moinho da corrupção”, afirmou.

A desfaçatez de Dilma é tamanha, que ela garantiu que as empresas envolvidas no Petrolão, investigadas pela Operação Lava-Jato, serão punidas “dentro da legalidade”.

“As empresas, os donos das empresas ou os acionistas das empresas serão investigados. Agora, o governo fará tudo dentro da legalidade”, disse a presidente da República. “Isso não significa de maneira alguma ser conivente, apoiar ou impedir qualquer investigação ou qualquer punição a quem quer que seja, doa a quem doer”, completou.

A presidente voltou a ressaltar que é preciso separar a imagem da Petrobras da dos funcionários que estão sendo investigados. “Não vou tratar a Petrobras como a Petrobras tendo praticado malfeitos, quem praticou malfeitos foram funcionários da Petrobras, que vão ter que pagar por isso. Quem praticou malfeitos, quem participou de atos de corrupção vai ter que responder por eles. Essa é a regra no Brasil.”

Dilma deveria tomar pílulas de vergonha e parar de mentir, pois o escândalo do Petrolão só foi descoberto porque o editor do UCHO.INFO, jornalista Ucho Haddad, e o empresário Hermes Magnus denunciaram em janeiro de 2009 o esquema de corrupção montado pelo finando deputado federal José Janene, com a anuência explícita do então presidente Luiz Inácio da Silva.

Em 2005, meses depois da eclosão do escândalo conhecido como Mensalão do PT, o site afirmou que um novo esquema de corrupção entrara em funcionamento para viabilizar a manutenção da chamada base aliada. Quatro anos depois, as primeiras denúncias foram levadas à Procuradoria da República, em São Paulo, que repassou o caso para o Paraná, uma vez que a base de Janene funcionava em Londrina.

A fala de Dilma, além de obediente e em consonância com as ordens do PT, foi, como sempre, desconexa, pois enquanto a petista tentava “vender” à opinião pública a ideia de que o governo não sofre com os efeitos colaterais do maior escândalo de corrupção da história da humanidade, o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, curava as feridas provocadas pelo imbróglio das reuniões secretas com os advogados das empreiteiras investigadas na Lava-Jato.

A presidente sabe que a Operação Lava-Jato subiu a rampa do Palácio do Planalto, aproximando-se de integrantes graduados do governo e do próprio PT. Por isso fez afirmações típicas de quem teme pelo desfecho da investigação.

Apenas para ratificar matéria publicada pelo UCHO.INFO em 29 de agosto de 2014, a operação da Polícia Federal que interrompeu o carrossel de corrupção que girava na Petrobras já colocou Dilma e Lula na alça de mira. Não há provas, por enquanto, de que ambos tenham recebido dinheiro do esquema criminoso, mas no mínimo foram coniventes com a roubalheira.

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