Kiev anuncia retirada de armas pesadas do leste da Ucrânia

(Gleb Garanich - Reuters)
(Gleb Garanich – Reuters)
Marcha à ré – O governo ucraniano anunciou nesta quinta-feira (26) o início da retirada das armas pesadas da linha de frente no leste do país, como havia sido acertado no acordo de paz assinado em Minsk há duas semanas. A informação foi confirmada pelo Ministério da Defesa em Kiev.

“Em conformidade com os acordos de Minsk do dia 12 de fevereiro, a Ucrânia começou a retirada dos canhões de 100 milímetros da linha da frente”, destacou o ministério em nota. “Este é o primeiro passo da retirada do armamento pesado, que estará sob a supervisão da Organização de Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).”

A retirada dos canhões deverá contribuir para a formação de uma zona neutra, com entre 50 e 140 quilômetros, na região de conflito.

O Conselho de Segurança da Ucrânia considera, no momento, estabilizada a situação na zona de guerra entre as tropas de Kiev e os separatistas. Segundo o porta-voz do conselho, Andrey Lysenko, não houve registro de mortes entre as tropas ucranianas, apenas quatro feridos nas últimas 24 horas. Este foi o segundo dia em sequência sem vítimas no conflito.

Os militares ressaltaram, porém, que estão prontos para rever o calendário da retirada, caso haja tentativas de ataque por parte dos rebeldes pró-russos. No início da semana, Kiev anunciou o adiamento do recuo de armas pesadas, alegando que isso não ocorreria “enquanto os rebeldes continuarem” atacando seus soldados.

Rebeldes sustentam recuo

Na quarta-feira passada, 18 de fevereiro, os separatistas pró-Rússia afirmaram ter iniciado a retirada de armas pesadas das áreas de conflito. O canal de notícias russo R24 chegou a noticiar o recuo rebelde das armas pesadas – inicialmente em Debaltsevo, depois em Donetsk e outras cidades.

Eduard Basurin, líder da autodeclarada “República Popular de Donetsk”, garantiu que observadores da OSCE que desembarcaram no distrito de Olenivka, ao sul de Donetsk, estariam monitorando a retirada, segundo divulgou a agência de notícias local.

Agentes da organização, no entanto, reiteraram nesta quinta-feira que ainda não foi possível constatar o recuo. Michael Bociurkiw, porta-voz da OSCE, disse que ambas as partes ainda precisam repassar informações sobre quantidade de armas que possuem e as localizações. Ele afirmou ainda que os observadores não conseguem acessar vários pontos críticos por razões de segurança e que haverá atrasos nas checagens em postos de controle dos dois lados.

No último dia 12, a chanceler alemã Angela Merkel e os presidentes da França, François Hollande, da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Petro Poroshenko, reuniram-se na capital de Belarus para participar de uma cúpula destinada a encontrar uma solução para o conflito na Ucrânia. Após 16 horas de negociações, eles conseguiram chegar a um acordo, que incluía um cessar-fogo.

Oficialmente, o cessar-fogo entrou em vigor no dia 15 de fevereiro. Mas Kiev e rebeldes trocam acusações de ataques mútuos desde então. Mais de 5,8 mil pessoas já morreram no conflito. (Com agências internacionais)

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