A missão desembarca na Venezuela em meio à maior crise do governo de Nicolás Maduro – no poder desde a morte, há dois anos, de Hugo Chávez – e ao ceticismo de venezuelanos e observadores internacionais.
A Venezuela vive hoje grave crise econômica, com escassez de produtos básicos e a mais alta inflação da América do Sul, e enfrenta novamente o fantasma do golpe de Estado, o que amplia a tensão política em torno de Maduro.
A teoria de golpe de Estado é mais uma invencionice de Maduro, que como aprendiz de ditador começa a abusar dos discursos populistas para manter-se no poder. Ao contrário do que afuirma oposição venezuelana
“Saber que, ao redor do mundo, estão olhando para você com maus olhos desmoraliza o regime, ainda que ele não admita. Mas as manifestações de simpatia à oposição não vão surtir um efeito muito forte, se não forem acompanhadas de sanções econômicas”, opina o analista político Fernando Mires, da Universidade de Oldenburg.
Tanto a Unasul quanto o governo brasileiro – o chanceler Mauro Vieira está presente na missão – têm evitado condenações a Maduro. Para o secretário-geral da organização, Ernesto Samper, a atual crise é fruto de “ingerências internacionais, falta de diálogo político interno e de uma situação social e econômica”.
Milhares de detidos
O principal desafio da Unasul é dissipar as tensões políticas geradas pela prisão arbitrária do prefeito de Caracas, o opositor Antonio Ledezma, e pela morte do adolescente Kluivert Roa, baleado pela polícia durante um protesto contra o governo no estado ocidental de Táchira.
Segundo a ONG Fórum Penal Venezuelano, desde fevereiro do ano passado, quando começaram os protestos contra o governo, mais de 3.600 pessoas foram detidas durante manifestações. Delas, 62 seguem presas.
“A Guarda Nacional atua como se estivesse em situação de guerra e, ainda que não devamos generalizar, dizendo que todos os detidos foram agredidos, 138 deles denunciaram formalmente terem sido alvo de torturas, tratamento cruel e desumano”, afirma Alfredo Romero, diretor da ONG.
Enquanto Maduro afirma que a delegação da Unasul busca “apoiar a democracia e a soberania na Venezuela”, a oposição, ao mesmo tempo em que se diz “de braços abertos ao diálogo”, reage com cautela à iniciativa.
Em meados do ano passado, uma missão da Unasul tentou iniciativa parecida, mas o diálogo, que contou até com representantes do Vaticano, foi interrompido pela oposição, à espera de medidas concretas por parte do governo Maduro.
A realidade dos fatos
A teoria de golpe de Estado é mais uma invencionice de Maduro, que como aprendiz de ditador começa a abusar dos discursos populistas para manter-se no poder. Ao contrário do que afirma o atual inquilino do Palácio de Miraflores, a oposição venezuelana exige o direito de se manifestar e de se contrapor a um governo truculento, incompetente e corrupto.
Nicolás Maduro decidiu endurecer o jogo com os opositores porque sabe que seu mandato corre sério risco por conta de uma crise econômica que avança na esteira da queda do preço do petróleo no mercado internacional.
Vivendo atualmente apenas dos dividendos do petróleo, já que a indústria do país foi sucateada no embalo do populismo esquerdista inaugurada pelo finado Hugo Chávez, a Venezuela já recebeu verdadeiras fortunas por conta de venda antecipada do ouro negro. Um desses compradores que despejaram recursos no governo do tiranete Maduro é a China.
A crise econômica tende a piorar, pois o país não tem dinheiro suficiente para manter a farsa de uma suposta democracia em que os apoiadores do chavismo são sustentados pelo Estado venezuelano.
Fogo de palha
A missão de chanceleres da Unasul deve fracassar, a exemplo da tentativa anterior, como mencionado nesta matéria. Ademais, não se pode esquecer que a Unasul é integrada por países que no momento estão nas mãos de esquerdistas fanfarrões, que via de regra apoiam as decisões utópicas de Nicolás Maduro, que como discípulo de Chávez tem saído pior do que a encomenda.
Por conta do alinhamento ideológico que existe na América do Sul, os representantes diplomáticos dos países-membros da Unasul desembarcaram em Caracas com uma missão uníssona e previamente definida. A de tentar conciliar a oposição com os interesses escusos de Nicolás Maduro, sem comprometer a imagem do esquerdismo boquirroto que devasta a porção sul do continente americano.
Na verdade, os chanceleres da Unasul farão na capital venezuelana o papel de fantoches, pois o combinado é incensar Nicolás Maduro como um governante sério e preocupado com os desvalidos, não sem antes reforçar a farsa de um golpe de Estado com o apoio de Washington. (Com agências internacionais)