Assustados com o “panelaço”, palacianos estão preocupados com a manifestação do dia 15 de março

dilma_rousseff_485Cabeça quente – O staff do Palácio do Planalto continua tentando avaliar os impactos do “panelaço” que aconteceu no domingo (8), em algumas capitais brasileiras, durante o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, em cadeia nacional de rádio e televisão. Ao longo do pronunciamento, anunciado inicialmente como sendo alusivo ao Dia Internacional da Mulher, mas que acabou sendo uma tentativa desesperada da presidente de salvar o próprio governo e de minimizar a grave crise econômica, causou um enorme estrago nos bastidores do poder.

Assessores de Dilma, que foram pegos de surpresa com o “panelaço”, agora se preocupam com a manifestação marcada para o próximo dia 15, em várias cidades brasileiras. A fala da presidente deixou claro que o governo está muito mais perdido do que se imagina, a ponto de pequenos detalhes terem merecido cuidados extremos por parte da assessoria presidencial.

Dilma, ao contrário do que faz com certa insistência quando quer impor a ideologia partidária, não apareceu de vermelho, mas usando roupa verde. Esse detalhe pode ter duplo sentido. O primeiro é que a presidente, orientada ou não por seus marqueteiros, buscou desvincular sua imagem da do Partido dos Trabalhadores, que cada vez mais afunda no escândalo do Petrolão. O segundo, mais subjetivo, é que a cor verde, dizem, representa esperança. Algo que o brasileiro perdeu faz tempo.

Enquanto Dilma admitia dificuldades econômicas no País e pediu paciência aos brasileiros, o que deve ser considerado um acinte, gritos, vaias, panelas batendo e buzinas ecoaram em importantes cidades, como São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Goiânia.

O núcleo duro do governo, sem saber como reagir, começa a falar em terceiro turno, o que, em tese, remete à ideia absurda de uma tentativa de golpe por parte dos adversários políticos. Aos palacianos e preciso dar o direito da livre manifestação do pensamento, mas não se pode desconsiderar o fato de que a manifestação do domingo à noite foi organizada por setores da sociedade que não mais suportam a crise econômica e a roubalheira. De tal modo, o discurso do terceiro turno mostra que cresceu o desespero entre os integrantes do governo.

É importante destacar que o desejo de mudança, neste caso específico, é da população, que ao longo dos últimos quatro anos foi duramente vilipendiada em seus direitos, portanto sem condições de ter a paciência pedida por Dilma Rousseff. Esse cenário de adversidades está sendo rechaçado pelo PT e também pelo governo, pois, em atitude “compreensível”, os donos do poder desejam permanecer onde estão e fazendo o que sempre fizeram ao logo dos últimos doze anos.

Assim, não se pode aceitar a tese absurda do terceiro turno, pois mais uma vez o PT e o governo insistem na cantilena do “nós contra eles”. Discurso rançoso desde o nascedouro e cujo prazo de validade já expirou.

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