Tucanos e democratas divergem sobre como enfrentar Dilma diante da grave crise institucional

fhc_17Queda de braço – A oposição está dividida em relação as medidas a serem adotadas para tirar o Brasil do atoleiro da crise e do lamaçal da corrupção. Enquanto o PSDB é contrário a um pedido de impeachment de Dilma Rousseff, o Democratas, representado pelo senador Ronaldo Caiado (GO), é “a favor da cura”.

Nesta segunda-feira (9), em palestra proferida no instituto que leva o seu nome, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que “não adianta nada tirar a presidente”. O senador Aloysio Nunes Ferreira Filho, do PSDB paulista, que também participou do evento, também afirmou ser contra o pedido de impeachment, alegando que prefere ver Dilma “sangrar” até 2018, quando termina o mandato da petista.

“Não quero que ela saia, quero sangrar a Dilma, não quero que o Brasil seja presidido pelo Michel Temer”, disse o senador tucano, que com essa declaração abriu uma cizânia na relação do tucanato com o PMDB, que nos últimos dias ensaiou um começo de “namoro”.

Já o senador Ronaldo Caiado, em declaração contundente que traduz o desejo do Democratas, disse que não aceitará qualquer tese de relaxamento da oposição diante da grave crise político-institucional em que se encontra o governo petista de Dilma Rousseff. O parlamentar goiano foi enfático ao dizer que “diferentemente do PSDB, vai exigir a apuração dos fatos e os desdobramentos necessários para que possamos esclarecer a toda a sociedade brasileira a situação de total desgoverno e corrupção”.

“Não dá para repetir o mesmo modelo que a Oposição optou em 2005 com o Mensalão, de esperar o presidente Lula sangrar. Quem sangra hoje é o Brasil. Com todo esse processo de corrupção atingindo proporções inimagináveis, é inaceitável que as oposições caminhem na tese que nada vai adiantar retirar Dilma, que ela deve sangrar até o último dia de seu governo. Sou 100% contrário a essa tese proposta pelo PSDB. A sangria de Lula se transformou em meio de cultura para proliferar a corrupção no país”, afirmou Caiado.

“Sou a favor da cura desse processo, não da sangria”, declarou o senador democrata. “É inadmissível que a Oposição não exija neste momento que as regras que balizam o estado democrático de direito sejam aplicadas em todos os escândalos. As denúncias estão sendo esclarecidas pela Justiça e Polícia Federal. A decisão política é do Congresso Nacional e eu não vou me omitir nem renunciar às minhas prerrogativas. Que amanhã, confirmados os fatos, as autoridades tenham que responder pelos crimes de responsabilidade que praticaram”, concluiu.

Dois lados

A tese de FHC não é equivocada, pois a saída de Dilma Rousseff do poder central por impedimento colocaria Michel Temer em seu lugar. É o que se pode chamar de “mais do mesmo”. Afinal, Michel não aceitou ser vice na chapa de Dilma, pela segunda vez, por nutrir diferenças ideológicas e de atuação política em relação à petista. Sem contar que em caso de prosperar o acordo de leniência que está sendo negociado pela construtora Camargo Correa com os integrantes da força-tarefa da Operação Lava-Jato, cresce a possibilidade de ser reaberta as investigações da Operação Castelo de Areia, que flagrou Temer em contabilidade paralela da empresa.

De igual modo, a ideia defendida pelo senador Aloysio Nunes não é desprovida de lógica política. Fazer Dilma sangrar politicamente até o final do mandato é a estratégia ideal para varrer o PT atual do mapa. Do contrário, um eventual impedimento de Dilma serviria para reforçar a candidatura de Lula, que já não esconde de ninguém seu desejo de retornar ao Palácio do Planalto. O que se daria, principalmente, no vácuo do discurso da “elite golpista”, como já acontece no rastro do “panelaço”de domingo (8).

Por outro lado, Ronaldo Caiado também tem razão, já que o País e a população não mais suportam o atual estado de coisas. Nunca se roubou tanto como na era do PT. E isso tem impulsionado a crise econômica, que nos últimos anos cresceu à sombra das medidas equivocadas tomadas por Dilma e pelo então ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Ideias divergentes à parte, a única certeza, por enquanto, é a necessidade de dar um basta a um governo incompetente, paralisado e corrupto. Não importa como isso ocorra, mas que seja debaixo do que determina a lei, assim evita-se o ressurgimento de um monstro.

apoio_04