Governador do Acre ignora os direitos humanos e usa os refugiados haitianos como fantoches

haitianos_01Desumanidade oficial – “Haiti, Dilma”, gritavam haitianos, mostrando estarem se divertindo, antes da chegada da presidente Dilma Rousseff na Cidade do Povo (conjunto habitacional do governo acreano), onde a petista entregou 966 casas populares na última quarta-feira (11), em Rio Branco.

O grupo composto por cerca de 30 imigrantes levados conjunto habitacional em um ônibus disponibilizado pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh). No local, logo se misturavam a militantes partidários.

A presidente não deixou de cumprimentá-los: “quero cumprimentar nossos queridos latino-americanos do Haiti aqui presentes e dizer pra eles: sejam bem vindos. O Brasil é um país feito para várias nacionalidades”.

Segundo o secretário Nilson Mourão, os imigrantes souberam da vinda da presidente ao Acre e logo se interessaram em conhecê-la, por isso, foi disponibilizado o transporte até o local. Ainda segundo Mourão, “os haitianos são beneficiários de uma política de imigração do governo federal, eles demonstraram interesse em ver a presidente Dilma e nós disponibilizamos o ônibus”.

Quando chegam a Rio Branco, os imigrantes que entram no país pelas fronteiras do Acre com o Peru e Bolívia, ficam instalados em uma chácara. No entanto, com a cheia do Rio Acre, que devastou vários municípios e desabrigou milhares de famílias, o abrigo ficou superlotado. Só nesta última semana, mais de 700 imigrantes estavam no local que tem capacidade para 300 pessoas, no máximo.

Outro lado

Quando não usa os haitianos como cabos eleitorais do PT, o governador do Acre, Tião Viana, os envia para São Paulo e não parece nenhum pouco interessado em resolver este impasse.

Ano passado, Viana rejeitou o convite de uma reunião com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, feito pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para tratar da questão dos haitianos.

Vale lembrar que desde o final de abril do ano passado, o governo do Acre tem enviado em ônibus fretados imigrantes para a capital paulista. A decisão foi duramente criticada pela gestão de Alckmin, o que “ofendeu” o governador acreano. Segundo a Secretaria de Comunicação do Acre à época ele estava disposto a tratar com o governo federal, mas não queria “sentar na mesma mesa” que Alckmin.

A crise entre os governos do Acre e São Paulo começou quando a ex-secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, Eloísa de Sousa Arruda, afirmou em nota, em abril de 2014, que o governo do Acre teria sido “irresponsável e inconsequente” ao enviar os imigrantes para São Paulo sem planejamento.

Imediatamente, Tião Viana, rebateu as declarações e acusou o governo paulista de ser preconceituoso e de querer promover uma “política de higienização”.

Desde aquela época, e ainda mais agora com as enchentes no Acre, segundo o coordenador da missão, de seis a sete ônibus fretados pelo governo acreano chegam por semana com centenas de imigrantes a São Paulo, aumentando o número de haitianos na cidade.

A primeira dificuldade que os haitianos encontram para conseguir um emprego no Brasil é a fila para tirar a carteira de trabalho. Geralmente, a emissão do documento leva um mês e meio. Outro problema é a língua.

Michel Evero é técnico em informática, fala cinco idiomas, mas não o português. Ele sabe que vai ser difícil ajudar a família no Haiti. Sem trabalho, os haitianos começaram a ser alvo de preconceitos. O padre Paolo Parisi, coordenador da Missão Paz, afirma: “eles estão tirando emprego do brasileiro, eles estão trazendo doença, trazendo violência. Então o preconceito, a gente repara que está aumentado”.

Fora isso, há ainda o problema da moradia. Muitos estão morando em quartos de cortiços impróprios. O aluguel do quartinho custa cerca de R$ 450 por mês.

A procura de empresas por haitianos tem diminuído. Segundo a opinião de um empresário paulistano, a culpa é do governador paulista, que deveria “fechar a fronteira” não permitindo que Tião Viana “exporte” os imigrantes para São Paulo.

Segundo relato do mesmo empresário, que não quis se identificar, os haitianos são “despejados de ônibus clandestinos pelas madrugadas nas periferias das grandes cidades, contando com a complacência e vista grossa do Alckmin. Todos são previamente instruídos pelo governo petista onde irão invadir, o que irão depredar, a qual ‘líder’ irão atender, em quais avenidas irão montar suas barracas para afugentar turistas e destruir o comércio local. Eles vêm para dividir empregos, já escassos para os brasileiros, e trazer doenças que antes não haviam no Brasil, como a ‘chikungunya’. Na minha empresa não tem emprego pra eles, e acho que todos empresários paulistas, cariocas etc, deveriam fazer o mesmo”.

O governo do Acre afirmou que financia a viagem dos haitianos para São Paulo com a ajuda do governo federal, porque os imigrantes encaram o Acre somente como uma porta de entrada no Brasil. Ainda segundo o governo acreano, os haitianos querem procurar emprego e encontrar parentes em estados das regiões Sul e Sudeste.

É uma situação no mínimo polêmica. Se por um lado os haitianos estão sendo tratados como marionetes, usados conforme o interesse de alguns políticos, e sendo obrigados a aceitar pela situação em que se encontram, por outro os paulistas estão sofrendo com a migração e imigração de pessoas que buscam em São Paulo oportunidades de uma vida melhor, sem nenhum planejamento, fazendo a cidade enfrentar colapsos de infraestrutura, social, saúde, educação, moradia e empregos.

O consenso é que os governadores deveriam tratar o fato não como “guerra partidária”, mas com a seriedade que o assunto merece. (Por Danielle Cabral Távora)

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