“Achacadores”: Cid Gomes deixa a Câmara dos Deputados como ex-ministro de um quase governo

cid_gomes_06Olho da rua – Ministro da Educação por mais algumas horas, possivelmente, Cid Gomes fez nesta quarta-feira (18), na tribuna da Câmara dos Deputados, um apelo aos parlamentares “oportunistas”, que detêm cargos na máquina federal e não dão apoio ao governo no Parlamento, para que “larguem o osso, saiam do governo”.

Cid compareceu à Câmara para explicar a declaração, dada durante vista à Universidade Federal do Pará, de que na Câmara há entre 300 e 400 deputados achacadores, mas acabou tornando a situação ainda mais insustentável. Os deputados presentes no plenário da Casa entenderam que a fala de Cid Gomes comparava a classe a cachorro, o que fez com que a temperatura subisse.

“Eles [deputados federais] querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas”, disse, dias atrás, o ministro na capital paraense.

Deputados se revezaram na tribuna da Câmara para responder duramente a Cid Gomes, que pode ter chegado à casa ciente de que seria demitido ou deixaria o cargo por conta própria. Mesmo assim, o ministro foi obrigado a ouvir inúmeros deputados que pediram sua demissão.

Ex-governador do Ceará e trazendo o DNA do destempero discursivo, Cid Gomes (PROS) iniciou a fala na Câmara afirmando que “respeita” o Congresso e confirmando sua declaração. “Que me perdoe, eu não tenho mais idade, não tenho direito de negar aquilo que, pessoalmente, num ambiente reservado, num contexto, falei numa sede do gabinete do reitor”, disse.

Cid justificou sua declaração afirmando que tratava-se de uma posição “pessoal”, não de ministro de Estado. De acordo com o titular da Educação, os “400 ou 300” são os que apostam na tese do “quanto pior, melhor”, mas pediu “perdão aos que não agem desse jeito”.

A saída de Cid Gomes do governo já era tida como certa, pois sua convivência com a Câmara tornar-se-ia insustentável, além de azedar as já difíceis relações do Palácio do Planalto com o Congresso.

Caso seja confirmada a demissão de Cid Gomes, a anunciada primeira reforma ministerial do novo governo começa antes do previsto, já que a data de partida era 30 de março.o

É importante destacar que em recente discussão com a presidente Dilma Rousseff, durante encontro do Palácio da Alvorada, o agora lobista Lula sugeriu que o governo retomasse ministérios estratégicos, como Educação, Cidades e Integração Nacional. Se Dilma ouviu o que o antecessor disse em meio a gritos não se sabe, mas as pedras do dominó começaram a cair. Resumindo, Cid Gomes é o primeiro ex-ministro de um quase governo.

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