Após enfrentar deputados, Cid Gomes deixa o Ministério da Educação e complica o governo

(Gustavo Lima - Câmara dos Deputados)
(Gustavo Lima – Câmara dos Deputados)
Bate-boca – Agora ex-ministro da Educação, Cid Gomes pediu demissão do cargo em documento produzido às pressas na Casa Civil e entregue à presidente Dilma Rousseff, no final da tarde desta quarta-feira (18), após participar de tumultuada e tensa sessão na Câmara dos Deputados, na qual atacou o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e deputados que considera oportunistas.

Cid Gomes tinha ido à Câmara para prestar esclarecimentos sobre declaração que deu na Universidade Federal do Pará de que na Casa havia entre 300 e 400 deputados federais “achacadores”, já que os mesmos apostam na fragilidade do governo para ganhar vantagens.

Em seu discurso, Cid Gomes pediu desculpas a quem tenha se sentido ofendido, porém isso não o impediu de partir para o ataque. Ex-governador do Ceará, Cid afirmou que deputados da base que não votam com o governo deveriam “largar o osso” e virarem oposicionistas. Apontando para Eduardo Cunha, respondeu uma afirmação do presidente da Câmara, que havia classificado o ex-ministro como “mal-educado”. “Prefiro ser acusado de mal-educado que ser acusado de achaque”, disse.

A postura do ex-ministro deixou os deputados indignados, que passaram a pedir de forma insistente sua demissão. Desta forma, o PMDB começou a pressionar o Palácio do Planalto. “Se não cair ele, cai o governo”, disse um parlamentar peemedebista após as declarações no plenário da Casa.

Cid Gomes abandonou o plenário irritado após ser chamado de “palhaço” pelo deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ). Já do lado de fora, o ministro afirmou que não pediria demissão. “Eu sou ministro até o dia em que a presidente Dilma desejar”, disse. Ao mesmo tempo, o PMDB anunciava que não votaria mais projetos de interesse do Palácio do Planalto.

Cid Gomes então resolveu ir até o Palácio do Planalto. Enquanto isso, o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, telefonou para Eduardo Cunha para dar a notícia de que Cid Gomes não era mais o ministro da Educação.

Ao deixar o Palácio do Planalto, o ex-ministro revelou que deixava o posto por ter atiçado a já difícil relação do governo com o Congresso. “A minha declaração e, mais do que ela, a forma como eu coloquei na Câmara, é óbvio que criam dificuldade na base do governo. Portanto, eu não quis criar qualquer constrangimento”, finalizou.

No Senado Federal, um conhecido parlamentar da base aliada, que conversou com o UCHO.INFO na condição de ter o nome preservado, disse que a partir de agora quem manda no governo é o PMDB. Lembrou o senador que se o episódio envolvendo Cid Gomes tivesse ocorrido uma semana antes, a aprovação do governo do PT estaria na escala de um dígito. (Por Danielle Cabral Távora)

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