MP encontra inconsistências em declaração de pagamentos de José Dirceu enviada à Justiça

jose_dirceu_42Números não batem – Segundo o Ministério Público Federal, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu de Oliveira e Silva, omitiu pagamentos de clientes de sua consultoria nos documentos que entregou à Justiça Federal. O MP ressaltou em parecer protocolado na 13ª Vara Federal do Paraná nesta terça-feira (31) que, “pela análise dos documentos juntados, é possível verificar supostas inconsistências entre as condições contratuais de prazo, pagamento e dados bancários”.

Na manifestação ao juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, os procuradores da República afirmaram que há divergências entre o que passou pelas contas bancárias da consultoria de Dirceu, a JD Assessoria, e os contratos entregues pelo ex-ministro à Justiça. A situação das empreiteiras acusadas de pagar propina por contratos da Petrobras foi examinada superficialmente. Pela análise, os contratos previam pagamentos bem inferiores ao que foi efetivamente desembolsado para José Dirceu.

O petista é investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal pela suspeita de ter recebido parte da propina distribuída por empreiteiras em troca de facilidades em contratos com a Petrobras. De acordo com as investigações, o ex-ministro faturou cerca de R$ 8 milhões por serviços de consultoria prestados a empresas do chamado “Clube do Bilhão”, que, segundo a PF, era comandado por Ricardo Pessôa, dono da empreiteira UTC.

A defesa de José Dirceu apresentou contrato com a Galvão Engenharia para prestação de serviços de “consultoria e assessoramento comercial”, assinado em junho de 2009, segundo o qual o mensaleiro petista teria faturamento bruto de R$ 300 mil. Porém, segundo a análise da movimentação bancária da empresa do ex-ministro, foram pagos R$ 703.875,00.

O contrato com Dirceu foi assinado exatamente uma semana depois de a Petrobras iniciar licitação para a obra da Refinaria de Paulínea (Replan), pela qual a Galvão Engenharia foi contratada por R$ 568 milhões e fez o pagamento de propina equivalente a, no mínimo, 1% do valor do contrato, como já denunciado em ação penal contra executivos da empresa.

Ainda foi constatada a divergência entre a movimentação bancária e o valor previsto no contrato apresentado por Dirceu sobre serviços de “assessoria jurídica internacional” para a Engevix Engenharia. O documento entregue à Justiça previa o pagamento total de R$ 300 mil. Contudo, a análise dos dados bancários mostra que a Engevix pagou R$ 900.960,00 para a empresa do ex-ministro.

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