FMI prevê recuo de 1% do PIB; ajuste fiscal, alta do juro e cortes de investimento são os vilões

crise_economica_12Turbulência adiante – O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu ainda mais as projeções de crescimento da economia brasileira. O FMI agora prevê, para 2015, recuo de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) e crescimento de 0,9% em 2016. Vale lembrar que em janeiro o Fundo estimava que o Brasil fosse crescer 0,3% em 2015 e 1,5% em 2016.

De acordo com o FMI, o recuo das previsões de crescimento para o país é reflexo das medidas recentes de ajuste fiscal, que afetam a atividade econômica, das altas taxas de juros e dos cortes de investimento na Petrobras provocados pelas investigações da Operação Lava-Jato. Ainda que tenham impacto na atividade econômica agora, o FMI avisa que uma aplicação bem sucedida das medidas de ajuste na economia deve ajudar a melhorar a atividade mais para frente.

O documento ainda ressalta que, apesar disso, o cenário para o Brasil está sujeito a “riscos significativos” de piora da economia, incluindo uma deterioração adicional da situação na Petrobras, o risco de agravamento da seca e possibilidade de racionamento de energia elétrica e ainda um cenário externo mais adverso.

O órgão internacional faz, no documento, vários elogios ao ajuste fiscal colocado em prática pelo ministro Joaquim Levy, considerando positivos os cortes de gastos públicos. Entretanto, diretores da instituição recomendam aprofundamento das medidas mais para frente, ajustando fontes estruturais que pressionam as contas públicas, como o sistema de indexação dos salários, por exemplo.

O relatório elogia a elevação das taxas de juro que o Banco Central vem adotando nos últimos meses para conter a inflação, recomendando, inclusive, que a política monetária nacional continue apertada. O texto afirma que o ajuste na economia exige desafios do governo e, no caso da política fiscal, para conseguir alcançar as metas de superávit primário até 2017 serão necessárias medidas ambiciosas. Para inflação, o FMI prevê que o IPCA suba 7% este ano e 5,4% em 2016.

“A partir de 2015, o novo governo tem introduzido uma série de medidas para fortalecer as políticas macroeconômicas e restaurar a credibilidade, depois de um período em que o crescimento do Brasil surpreendeu pelo lado negativo”, relata o documento, que revelou ter sido a piora da confiança dos agentes a responsável pela deterioração do investimento privado. O fim do boom internacional das commodities ajudou a agravar o quadro.

“A aplicação rigorosa dessas medidas deve ajudar a restaurar a confiança dos agentes e promover uma recuperação do crescimento e do investimento no seu devido tempo”, ratificou o FMI. Os diretores da instituição argumentaram que reformas estruturais “são essenciais” para melhorar a infraestrutura do Brasil e estimular o crescimento. “Prioridade para reformas (estruturais) e uma maior participação do setor privado será fundamental para o sucesso do País.”

A Petrobras é citada diversas vezes no documento, merecendo destaque a posição da diretoria do Fundo, que instrui o governo brasileiro para ter como “prioridade imediata” resolver a situação na empresa. O texto elogia a situação financeira e de capital dos bancos brasileiros, porém faz um alerta para o endividamento alto das empresas. Outro alerta é para os bancos públicos, que aceleraram a concessão de crédito nos últimos anos e podem ser fonte de problemas.

As previsões fazem parte do documento do FMI chamado “Artigo IV”, no qual os economistas da instituição avaliam anualmente o desempenho e indicadores econômicos de todos os países membros e fazem recomendações de política econômica. Para fazer o documento, técnicos do FMI foram para o Brasil em janeiro e se reuniram com a nova equipe econômica de Dilma Rousseff. O relatório final foi concluído no último dia 16 de março.

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