Lava-Jato: Paulo Roberto Costa muda versão da delação e deixa no ar o olor da armação ilimitada

pauloroberto_costa_11Tudo combinado – Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa começa a roer a corda da Operação Lava-Jato. Isso porque Costa, em petição protocolada na Justiça Federal, mudou a versão sobre o superfaturamento das obras da estatal, apresentada no acordo de delação premiada.

No dia 4 de setembro de 2014, em depoimento prestado aos integrantes da força-tarefa da Lava-Jato, Paulo Roberto afirmou que “empresas fixavam em suas propostas uma margem de sobrepreço de 3% em média, a fim de gerarem um excedente de recursos a serem repassados aos políticos”.

Na nova versão, o ex-diretor da petrolífera afirma que os valores repassados aos partidos políticos “eram retirados da margem [de lucro] das empresas”. Em seguida, no documento enviado à Justiça, Costa completa: “Não se pode dizer que houve sobrepreço”.

É importante destacar que Paulo Roberto Costa está em prisão domiciliar, no Rio de Janeiro, vulnerável à pressão dos envolvidos no criminoso Petrolão, o maior escândalo de corrupção de todos os tempos. Em suma, nessa nova e fantasiosa versão do Petrolão, a estatal não teria pago a mais pelas obras, discurso que vai ao encontro do que afirmaram as empreiteiras desde a deflagração da Operação Lava-Jato, em março de 2014.

No contraponto, não se pode esquecer que as mesmas empreiteiras afirmaram que foram achacadas pelos partidos, sendo que alguns executivos das empresas já fizeram acordo de delação premiada e revelaram detalhes da ação criminoso, que Paulo Roberto Costa agora quer desqualificar.

A decisão de Paulo Roberto de mudar a versão inicial pode lhe trazer complicações, inclusive a perda de benefícios alinhavados durante a negociação da delação premiada. Isso criaria um efeito cascata, pois muitas das informações reveladas na delação foram checadas pela Polícia Federal e confirmadas por outros delatores, que retornariam ao olho do furacão a partir do momento que o Supremo Tribunal Federal suspender a homologação da delação premiada do ex-diretor da Petrobras.

Em países minimamente sérios e com autoridades responsáveis, a Justiça teria determinado uma nova prisão Paulo Roberto Costa tão logo a petição tivesse aterrissado no juízo. A história é muitíssimo mal contada e pode ser o prenúncio de uma enorme e mal cheirosa pizza.

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