Venezuela: governo emitiu passaportes diplomáticos para lavagem de dinheiro

hugo_chavez_79Crime organizado – Uma investigação realizada pelo Consórcio Ibero-Americano de Jornalistas Investigativos, publicada pelo jornal espanhol “El Mundo”, revelou que o governo bolivariano de Hugo Chávez incentivou crimes de lavagem de dinheiro em 2004. A Venezuela emitiu passaportes diplomáticos para que dois assessores do então ministro da Economia e atual presidente do Banco Central do país, Nelson Merentes, pudessem lavar dinheiro no paraíso fiscal do Principado de Andorra.

Os assessores suspeitos de fraudes foram identificados como Tulio Antonio Hernández e Gabriel Ignacio Gil. Ambos apresentam antecedentes criminais: o primeiro foi condenado na Venezuela, em 1999, por narcotráfico, enquanto o segundo foi preso por roubar um avião em 2010.

Para serem liberados da revista no aeroporto, os funcionários do governo venezuelano entravam no país com credenciais diplomáticas. Com a facilidade, levavam altas quantias de dinheiro em bagagens e, ao chegarem ao principado, o valor era dividido em diversas contas no Banco Privado de Andorra (BPA), que os auxiliava a mascarar a origem do dinheiro.

A investigação, batizada de Operação Crua, aponta que os passaportes diplomáticos tramitaram na Secretaria da Presidência venezuelana. Todo o montante repartido em Andorra e em uma filial do banco BPA no Panamá era fruto de “operações suspeitas”.

Documentos das operações financeiras destacam que a direção do BPA chegou a informar aos assessores que não poderia mais aceitar o ingresso de dinheiro em espécie devido aos altos valores envolvidos – o montante teria chegado a US$ 2,5 milhões. Para dar prosseguimento ao esquema fraudulento, as partes concordaram em realizar o envio de dinheiro através de transferências bancárias.

Desde 2010, Andorra consta em uma lista de paraísos fiscais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (Ocde). Em março de 2015, as autoridades do principado assumiram o controle do BPA após os Estados Unidos terem a classificado como “entidade submetida a preocupações de primeira ordem em matéria de lavagem de dinheiro”.

Os relatórios destacam que, no mesmo dia da intervenção em Andorra, o Banco da Espanha decidiu agir contra o Banco de Madrid, filial do BPA no país. Inclusive, clientes da instituição foram investigados pelo Serviço Executivo de Prevenção de Lavagem de Dinheiro, entre os quais, de acordo com a imprensa espanhola, diversos venezuelanos: Nervis Gerardo Villalobos, ex-vice-ministro de Energia; Javier Alvarado, ex-vice-ministro de Desenvolvimento Elétrico; Alcides Rondón, ex-vice-ministro do Interior e Segurança Cidadã; Carlos Luis Aguilera Borjas, ex-diretor de Segurança; Francisco Rafael Jiménez Villarroel, ex-dirigente da petroleira PDVSA; e o empresário Omar Farías, conhecido na Venezuela por manter negócios na área de seguros.

Nota: Resta-nos a dúvida: será que usaram o mesmo estratagema no Brasil, país “irmão” da Venezuela chavista? (Por Danielle Cabral Távora)

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