Marco Polo del Nero dá primeira entrevista como presidente da CBF e dispara contra desafetos

marco_polo_03Parlapatão da vez – O novo presidente da CBF, Marco Polo del Nero, deu sua primeira entrevista coletiva, e não fugiu das perguntas. O presidente criticou com acidez seus principais desafetos: Romário, Andrés Sanchez e Felipão. Também não poupou a imprensa e os clubes que querem formar uma liga. “Não sou Deus e nem tenho vontade de ser professor de ninguém”, afirmou.

Marco Polo comentou a ausência do Corinthians em sua cerimônia de posse e as declarações do senador Romário, de que seria pior que seu antecessor, José Maria Marín. “Isso é opinativo. Cada um opina como que quiser. Se eu me sentir ofendido vou à Justiça”, revelou. “Ainda bem que a maioria pensa diferente deles. Gosto de críticas. Não gosto de ser bajulado”, disse.

Quando o assunto foi a insatisfação de Flamengo, Fluminense e Cruzeiro com suas federações, e a possível criação de uma Liga de Futebol, o presidente da CBF também foi bastante crítico. “Temos que saber qual é a razão para formar uma liga. Eles vão ter que formar uma nova diretoria, vão ter gastos e não vão conseguir fazer o que a CBF faz. Não cobramos um tostão da Série A e ainda ajudamos as séries B, C e D. Se quiser levar, tem que levar tudo. Não é levar só a parte boa”, ressaltou.

“Dizem que a CBF está gastando demais, mas temos muitos patrocinadores. Acho que é muito difícil ter uma Liga porque estamos fazendo tudo certinho. Essa casa é dos clubes, do futebol. Não é do Marco Polo. E os dirigentes têm que se conscientizar disso. Estamos aqui para fazer justiça, harmonizar, coordenar”, disparou.

A Folha de São Paulo fez denúncias, publicadas nesta quinta-feira, 16, de supostas irregularidades sobre a venda de um apartamento no Rio de Janeiro. E, sobre isso, o mandatário disse que não tem nada a esconder. “Vocês precisam saber que nem tudo é sujo. A cobertura que comprei inicialmente era do fundo, do outro lado, com visão pequena do mar. A metragem do terreno é pelo menos 80 metros a menos do que diz a matéria. Sobre esse imóvel existe uma penhora, então esse apartamento precisava de uma grande reforma, por isso foi vendido por preço de mercado. Quando tive a possibilidade de comprar um mais caro e em bom estado, eu comprei. Às vezes a imprensa falha, não escreve toda a verdade e não leu como deveria. Estou à disposição da Receita Federal para esclarecer. Não fiz nada embaixo dos panos”, se defendeu.

Ao ser questionado se seria continuidade de Ricardo Teixeira e José Maria Marín, Del Nero afirmou que todo mundo evolui a cada dia que passa. “Trazemos novos personagens para a nossa diretoria e vamos evoluindo para buscar uma linha mais sólida. Vamos avançando. Não podemos ficar parados nas glórias do presidente Marin e, quanto mais caminharmos, mais vamos ficar felizes”, disse, afirmando que o 7 a 1 sofrido pela Seleção Brasileira contra a Alemanha, na semifinal da Copa do Mundo, é uma marca trágica. “Hoje temos novo formato, um novo treinador, um novo coordenador, nova mentalidade. E o que percebo do trabalho deles é muito bom. Esse negócio de família, de ter os mesmos jogadores sempre, Dunga não gosta. Cadeira vazia outro senta e ocupa. O conceito do Dunga é ter os melhores do momento”, revelou, em uma indiscutível crítica a Luiz Felipe Scolari.

Maco Polo del Nero ainda comentou a limitação de mandatos dos dirigentes esportivos, e disse que vai seguir lutando contra a aprovação da PEC que tramita no Congresso. “Todos querem uma contra partida. Mas queremos que se respeite o direito constitucional” afirmou.

Por fim, anunciou que no próximo dia 28 de abril vai ser realizado um grande congresso para se discutir o futebol brasileiro. O evento será provavelmente no Rio de Janeiro. “Foi ideia do Walter Feldman e vamos ouvir a todos: imprensa, técnicos, dirigentes, jogadores”, revelou. Em momento algum se referiu ao Bom Senso F.C.

Assim começa a era Del Nero na CBF, que nem ele sabe dizer quanto vai durar: “Pode ser um mandato, dois, seis anos, doze.” (Por Danielle Cabral Távora)

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