UE anuncia pacote de medidas para imigração e reforço nas fronteiras

trafico_humano_12Regras duras – A União Europeia está sofrendo grande pressão diante da transformação do Mar Mediterrâneo em um cemitério. Diante disso, lançou um pacote de medidas para tentar frear o número de mortes entre as pessoas que tentam chegar até a Europa. Entidades humanitárias criticaram o pacote, alertando que ele não será suficiente.

Entre as medidas anunciadas está o fortalecimento do programa de patrulha das fronteiras, conhecido como Triton. A operação ainda ganhará um mandato militar para destruir barcos de traficantes, apontados como os responsáveis por vender lugares nos barcos.

Segundo a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, “esse pacote é nossa reação forte diante das tragédias”. Também declarando que “essas medidas mostram a vontade política do bloco em agir e o sentimento de solidariedade”. A União Europeia também prometeu fortalecer o orçamento da Frontex, a agência de fronteiras do bloco.

No plano estão inclusos um processo conjunto de todos os países europeus para receber pedidos de asilo e uma resposta aos imigrantes num prazo de dois meses.
O pacote ainda promete registrar com impressões digitais cada um dos imigrantes, assim como estabelecer projetos de reassentamento. A UE oferecerá pacotes aos imigrantes que queiram retornar a seus países, além de estabelecer escritórios de imigração nos países de origem.

Vale ressaltar que uma das medidas mais importantes se refere à Líbia. A Europa trabalha sobre um projeto para tentar estabilizar o caos político em Trípoli, na esperança de frear o movimento de grupos criminosos que usam os portos do país como locais de partida dos imigrantes.

Porém, segundo a entidade Savethe Children, o plano europeu não é suficiente. “O que precisávamos dos ministros eram de medidas para salvar vidas”, ressalvou seu representante Justin Forsyth.

Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, anunciou que convocou uma reunião formal dos líderes europeus para a próxima quinta-feira (23) com o objetivo de fechar o plano. “Vamos debater no nível mais alto o que podemos fazer”, afirmou.

A convocação ocorreu depois que um pesqueiro com cerca de 700 pessoas a bordo naufragou no Mediterrâneo, no que pode ser o pior acidente da história com imigrantes que tentam chegar à Europa. “Não existe uma solução rápida, Se existisse, já teríamos usado. Mas vamos apresentar opções para ter ações urgentes. A situação é dramática e não podemos continuar assim”, revelou.

O governo italiano fez um apelo por solidariedade e quer que o tema da imigração seja assumido por todo o bloco, e não apenas os países do Sul. “Não existe mais álibi para a Europa”, Federica Mogherini, antes da reunião. ‘Temos o dever moral e político de assumir nosso papel. O Mediterrâneo é nosso mar e precisamos agir juntos como europeus”.

A chefe da diplomacia também admite que é a credibilidade da Europa que está em jogo. “Achar uma solução também é de nosso interesse e do interesse de nossa credibilidade. A Europa foi construída em torno da proteção dos direitos humanos e precisamos ser consistentes com isso”.

A Frontex, agência de controle de fronteiras da UE, alerta que apenas operações de resgate não resolverá. Para o diretor Fabrice Leggeri, “não se trata apenas de um tema de imigração, mas um assunto de geopolítica internacional”, afirmou.

Ele ainda colocou em dúvida o número de 700 desaparecidos e pediu que a ONG tivesse “responsabilidade” ao apresentar suas versões do drama. O número, entretanto, foi apresentado pela ONU. (Por Danielle Cabral Távora)

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