Juro do cheque especial tem o maior nível em quase 20 anos e revela a peçonha da crise econômica

cheque_09Sem limites – Informações divulgadas pelo Banco Central, nesta sexta-feira (24), mostram que o juro do cheque especial alcançou o maior nível desde dezembro de 1995. Em março, a taxa ficou em 220,4% ao ano, verdadeiro absurdo em um país cujo governo sempre alega agir em defesa dos pobres e dos desvalidos. Vale ressaltar que a modalidade de crédito em questão é uma das mais caras do mercado, ficando atrás apenas do rotativo do cartão de crédito.

O cheque especial apresentou forte elevação do juro em 2015. Somente no terceiro mês do ano, a alta foi de 6,2%. No trimestre, a alta foi de 19,4%. Já em doze meses, o juro do cheque especial subiu 61%. Já o rotativo do cartão de crédito atingiu, em março, a marca de 345,8% ao ano, ante 342,7% de fevereiro, uma elevação de 3,1%.

A taxa média de juro para a pessoa física, no crédito livre, passou de 54,3% ao ano em fevereiro para 54,4% em março. Para pessoa jurídica, a taxa passou de 26,1% para 26,5%. A taxa média geral, por sua vez, subiu de 40,6% para 40,9%, também a maior desde 2011. No primeiro trimestre deste ano, a taxa subiu 3,6%. Em doze meses, a alta é de 4,4%.

No caso de aquisição de veículos para pessoas físicas, as taxas de juro passaram de 24,8% para 24,7% de um mês para outro. No período, o estoque de operações de crédito livre para compra de veículos por pessoa física recuou 1,2%.

Assim, o total de recursos para aquisição de automóveis por esse grupo de clientes ficou em R$ 179,629 bilhões em março. Em fevereiro, o volume foi de R$ 181,852 bilhões. No primeiro trimestre de 2015, a queda nesse tipo de crédito é de 2,5% e, em doze meses até março, de 5,4%.

Apesar da alta do juro, o índice de inadimplência no crédito livre manteve-se em 4,4% de fevereiro para março. Para pessoa física, chegou a cair de 5,3% para 5,2% na comparação mensal, o menor patamar desde 2011. Para as empresas, passou de 3,5% para 3,6% de um mês para o outro. Na aquisição de veículos, ficou estável em 3,9% em março. No cartão de crédito recuou de 7,0% para 6,7% na mesma comparação.

Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Banco Central, ressaltou que a inadimplência continua estável em patamares baixos desde 2014. “Já os atrasos entre 15 dias e 90 dias apresentam certa reação, mas sem um crescimento significativo. Altas anteriores do indicador não se refletiram em aumento da inadimplência. Antes de completar três meses de atraso os tomadores honraram seus compromissos”, afirmou.

O estoque de operações de crédito do sistema financeiro subiu 1,2% em março ante fevereiro e chegou a R$ 3,060 trilhões. No primeiro trimestre, houve alta de 1,4% e, em 12 meses até março, de 11,2%.

Houve aumento de 1,6% para pessoas jurídicas e alta de 0,8% para o consumidor no mês. No primeiro trimestre, a alta está em 1,0% para as empresas e em 1,9% para a pessoa física. No caso do período de 12 meses encerrados no mês passado, as taxas são de crescimento de, respectivamente, 10,0% e 12,6%.”O primeiro trimestre de 2015 foi melhor no crédito para as empresas do que os três primeiros meses do ano passado. Em parte, isso decorre da evolução do câmbio”, ressaltou Maciel. Segundo ele, em março houve crescimento expressivo no financiamento às exportações, 2,8%, e nos repasses externos, 13,8%.

O BC também informou que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) passou 54,4% em fevereiro para 54,8% em março. O chefe do Departamento Econômico do Banco Central explicou que a autoridade monetária fez ajustes na projeção do crédito em relação ao PIB ao fim deste ano devido à revisão do cálculo do Produto Interno Bruto feita pelo IBGE.

“Com nova metodologia do IBGE, houve uma queda de 4 pontos porcentuais nesse indicador. Nossa projeção para o fim de 2015, que antes era de 61%, passa para 57%. A trajetória é a mesma, mas com patamares diferentes”, afirmou. “É a mesma projeção, ajustada pelo novo PIB”, finalizou Maciel. (Por Danielle Cabral Távora)

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