Em novo depoimento à Justiça, Youssef confirma envolvimento de políticos com o Petrolão

alberto_youssef_10Soltando a voz – Na quarta-feira (29), o doleiro Alberto Youssef, deu novo depoimento prestado à Justiça Federal no Paraná. Desta vez, o delator deu mais detalhes sobre o envolvimento de políticos no esquema de corrupção da Petrobrás e disse que as lideranças do PP sempre buscavam favorecer as empreiteiras que cartelizavam as licitações e pagavam propinas em contratos na estatal.

“Para favorecimento (de empreiteiras) existia pedido todos os dias (no Congresso)”, revelou Youssef ao ser questionado por um advogado se os parlamentares do PP envolvidos no esquema adotavam medidas no Congresso para favorecer as empreiteiras investigadas na Lava Jato.

O doleiro explicou ainda que todo o esquema era articulado entre políticos, empresas e diretores da Petrobrás. “Isso era uma situação combinada entre empreiteiros, políticos e diretores da companhia, acredito que se (as empreiteiras) parassem de pagar não teria um andamento bom do contrato. Trabalhar com a Petrobrás já é muito difícil sem esse tipo de ‘assessoria’, com a ‘assessoria’ já é difícil, sem é pior ainda”, ressaltou Youssef.

Quando indagado sobre quais políticos do PP davam as ordens para exigir os pagamentos de propina, Youssef revelou os nomes de José Janene (morto em 2010); Mário Negromonte, ex-ministro das Cidades; Pedro Corrêa, ex-deputado condenado no Mensalão do PT e também preso na Operação Lava-Jato; João Pizzolati, ex-deputado e secretário estadual em Roraima; e o deputado federal Nelson Meurer, investigados pelo Supremo Tribunal Federal. Todos os acusados da sigla negam envolvimento com o Petrolão.

Youssef também reafirmou que a maioria dos parlamentares do PP recebia propinas do esquema e que entregava dinheiro aos deputados da sigla em dinheiro vivo ou, em alguns casos, por meio de transferências bancárias.

O depoimento do doleiro faz parte do interrogatório dos acusados nas cinco ações penais que tramitam na Justiça Federal do Paraná envolvendo as empreiteiras Camargo Corrêa, UTC, Engevix, OAS, Galvão Engenharia e Mendes Junior, todas acusadas de participação no cartel que atuava nas licitações da estatal petrolífera e que tiveram seus executivos presos na Operação Juízo Final, sétima etapa da Lava-Jato.

Entretanto, após decisão do Supremo deferindo pedido de habeas corpus impetrado por Ricardo Pessoa, dono da UTC, nove executivos das citadas empreiteiras deixaram a prisão e passaram a cumprir regime domiciliar, monitorados à distância com a ajuda de tornozeleira eletrônica. (Por Danielle Cabral Távora)

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