Após vitória apertada, governo ‘congela’ cargos de aliados que votaram contra MP do ajuste

dilma_rousseff_508Dando o troco – Presidente da República e dona de um temperamento que mescla autoritarismo com truculência, sem contar a incompetência notória, Dilma Rousseff segue adiante em um modelo de governança que é semelhante ao que levou a democracia venezuelana ao derretimento. Ao endereçar carta às esposas dos líderes da oposição da Venezuela que são presos políticos, Dilma não apenas mentiu, mas deu mostras de que age tal e qual como Nicolás Maduro, o “chofeur” do bolivarianismo, ou, então, do boquirroto “socialismo do século 21”, a última sandice ideológica do finado tiranete Hugo Chávez.

No momento em que impõe sua vontade à força, mesmo que de forma disfarçada, tendo como moeda de troca o aparelhamento cada vez maior do Estado, Dilma se iguala a todos os chicaneiros ditadores esquerdistas que se esparramaram pela América Latina, mas que agora enfrentam problemas de todos os naipes.

Longe do discurso de que o Brasil precisa sair da crise econômica em que se encontra, Dilma insiste no escambo criminoso para conseguir emplacar seus projetos, muitos deles obtusos e covardes no tocante aos trabalhadores.

Mais uma vez acionando o rolo compressor palaciano, a presidente ordenou a integrantes da cúpula do governo e lideranças do PT que tratem de forma distinta as traições e ausências ocorridas no plenário da Câmara dos Deputados durante a discussão e votação da Medida Provisória 665. O PDT, por exemplo, que se aliou a parte da oposição e votou integralmente contra a proposta, terá como represália o contingenciamento das indicações aos cargos do segundo e terceiro escalões do governo federal.

É importante destacar que nesse caso específico todos os 19 integrantes da bancada pedetista votaram contra a MP que integra o pacote de ajuste fiscal do desgoverno de Dilma Rousseff. Atualmente, o PDT ocupa o Ministério do Trabalho, comandado por Manoel Dias. De acordo com membros do governo, a lista de demandas por espaço dos pedetistas, agora, “vai para o final da fila”. “A base ficou muito incomodada”, revelou o líder do governo, José Guimarães (PT-CE).

O PP também deverá ter cargos “congelados”. Dos 39 parlamentares que votaram, 18 disseram não à MP do ajuste. O partido ocupa, hoje, o Ministério da Integração Nacional.

No mais, o PT não deverá punir representantes do partido que votaram contra a MP. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), usou o episódio para criticar o aliado. “Alguns fugiram ontem (quarta-feira) e fugiram hoje (quinta) de novo. Tem um grupo de nove, dez que não compareceram para votar”, alertou Cunha. O PT deu 54 votos a favor, um contra e teve nove ausências.

Em 2003, o PT expulsou quatro parlamentares que se recusaram a apoiar a reforma da Previdência do governo Lula. “Não haverá punição. O fechamento de questão foi mais um gesto político da bancada para poder assegurar a votação da MP”, ressaltou Paulo Teixeira (PT-SP), integrante da Executiva Nacional da sigla.

Apesar da provável não punição, o deputado Weliton Prado (MG), único a votar contra a MP, deverá ser isolado das atividades do partido na Casa. A bancada acredita que a posição dele foi “oportunista” e que, mesmo contrária à proposta contra os trabalhadores, a maioria dos deputados da legenda “foi para o sacrifício”. “Fui coerente com minha trajetória e com o compromisso com os trabalhadores”, disse Prado, quando tornou a votar em desacordo com o PT nos destaques da MP. Segundo o parlamentar, o ajuste fiscal proposto pelo governo não deveria se restringir aos trabalhadores. “Você pode até ter ajustes, mas não é certo fazer ajuste só com o trabalhador. Por que não fazer com os bancos?”

Ontem não estavam na Câmara os petistas Assis Couto (PR), Professora Marcivania (AP) e Ságuas Moraes (MT). Outros seis deputados do partido chegaram a marcar presença, mas não votaram: Erika Kokay (DF), Luizianne Lins (CE), Marcon (RS), Padre João (MG), Pedro Uczai (SC) e Zé Geraldo (PA).

Através de nota oficial, Luizianne Lins afirmou ter se retirado do plenário por não concordar com o mérito da matéria. “Foi uma decisão política”, disse a deputada e ex-prefeita de Fortaleza. Marcon disse, também por nota, ter se ausentado por entender que as novas regras prejudicam os trabalhadores. “Não votei contra em respeito ao governo e à bancada do Partido dos Trabalhadores”, revelou.

Padre João também se defendeu: “Votar em favor da MP era votar contra os trabalhadores que me concederam quatro anos de mandato como deputado. (…) Votar contrário à MP era votar contra a minha bancada e contra o próprio governo. Diante deste contexto, optamos por não votar”.

Renan Calheiros (PMDB-AL) já sinalizou que o governo terá dificuldades na aprovação do pacote no Senado. “Enquanto o Executivo prejudica o trabalhador em busca de R$ 18 bilhões, o Congresso dá sua contribuição ao ajuste”, afirmou o presidente da Casa, em referência à aprovação da emenda constitucional que amplia a idade-limite para aposentadoria de juízes de tribunais superiores – a PEC da Bengala. Segundo Renan, ela gera economia em razão do atraso das aposentadorias dos juízes. (Danielle Cabral Távora e Ucho Haddad)

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