Bruxa solta – A senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) foi alçada à mira da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. O diretor-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, prestou depoimento à PF, m Brasília, na segunda-feira (18). O depoimento atende solicitação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot Monteiro de Barros, para que o executivo fosse ouvido como parte do inquérito que apura se Gleisi Hoffmann foi uma das beneficiárias do esquema do Petrolão investigado pela Operação Lava Jato.
A intenção dos investigadores ao interrogar o presidente da Odebrecht (empreiteira que é grande doadora das campanhas da petista) é esclarecer se doações recebidas pela campanha de Gleisi em 2010 são oriundas de recursos desviados da Petrobras. Ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa afirmou em delação premiada, denúncia confirmada pelo doleiro Alberto Youssef, ter repassado R$ 1 milhão a um “emissário” da campanha da senadora, que nega as acusações.
A solicitação do depoimento de Marcelo Odebrecht e de outros executivos de empreiteiras investigadas foi realizada após a própria senadora ter sido ouvida pela Polícia Federal. Na ocasião, Gleisi disse que contatou diretamente alguns dos empreiteiros para requisitar doações para a campanha e disse ter entrado com contato com o diretor-presidente da Odebrecht.
O executivo, no entanto, relatou no depoimento que empresas do grupo Odebrecht fizeram doações na eleição de 2010 “a vários partidos, incluindo o Partido dos Trabalhadores”, segundo nota da empresa. Marcelo Odebrecht se colocou à disposição das autoridades para outros eventuais esclarecimentos.
Além do presidente da Odebrecht, o Supremo Tribunal Federal (STF) já autorizou que sejam ouvidos, no inquérito contra Gleisi Hoffmann, Ronaldo Balthazar, tesoureiro da campanha de Gleisi; José Augusto Zaniratti (coordenador da campanha); Ricardo Pessoa (dono da UTC); João Auler (presidente do Conselho da Camargo Correa); e José Aldemário Pinheiro, conhecido como Leo Pinheiro, da OAS, além do “mensageiro” do doleiro Alberto Youssef, Rafael Ângulo, conhecido como o “homem da mala”.
É importante destacar que nos bastidores do poder central, em Brasília, é voz corrente que se a Odebrecht for incomodada no âmbito da Lava-Jato a República certamente implodirá. Em entrevista concedida ao jornal “Folha de S. Paulo”, no final de 2014, Marcelo Odebrecht disse que não vê problema no fato na ingerência de grandes empresas no Executivo, declaração que permite concluir que o governo é refém dos empresários que financiam campanhas milionárias.
Para que o leitor consiga avaliar a extensão da nocividade que representa o convívio espúrio da política com os empreiteiros, uma campanha presidencial com chance de sucesso não sai por menos de R$ 900 milhões. Na maior e mais importante cidade brasileira, São Paulo, a eleição de um prefeito custa em média R$ 150 milhões.