Lucro da Petrobras no 1º trimestre deste ano foi inflado em R$ 1,3 bi por “pedalada contábil”

petrobras_17Digital petista – De acordo com reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” desta quarta-feira (20), a Petrobras usou um artifício contábil para inflar em R$ 1,3 bilhão o lucro da empresa no primeiro trimestre de 2015. A estatal incluiu no cálculo um ganho obtido em evento do dia 7 de maio, ou seja, 37 dias após o fim do trimestre, chegando ao lucro de R$ 5,3 bilhões. Na ocasião, o valor surpreendeu o mercado que esperava um resultado menor.

Especialistas ressaltam que a manobra descumpre regras contábeis. “Um evento que ocorre depois do fechamento do balanço deve ser registrado em nota explicativa, mas não deve afetar o balanço”, alertou Eric Barreto, professor do Insper e sócio da M2M Escola de Negócios. O professor de finanças Marcos Piellusch classificou a ação como uma “pedalada contábil”.

“Não poderia ser feito, porque é um fato gerador referente a outro trimestre. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) deve analisar a legalidade da manobra. O caso pede esclarecimento”, disse.

A companhia informou na semana passada ter reavaliado o risco de receber um calote de R$ 4,5 bilhões do setor elétrico. As empresas elétricas têm uma dívida com a estatal referente ao fornecimento de gás e combustível para alimentar as usinas térmicas.

A reconsideração de não receber os valores devidos do setor – que são incluídos na demonstração contábil como despesas – ocorreu por causa de um contrato assinado com a Eletrobras. Nele, a Petrobras pedia para reverter R$ 1,3 bilhão da dívida oferecendo como garantia créditos do subsídio da conta de luz. Acontece que o contrato foi assinado no dia 7 de maio.

Celson Plácido, estrategista da corretora XP Investimentos, afirmou que a decisão não é errada, porém diminui a credibilidade da companhia. “A empresa perde confiança. Mexer em provisão de devedores é recorrente no setor bancário, mas não em empresas”, afirmou.

A estatal, ao indagada sobre por que usou um evento de maio para calcular o demonstrativo financeiro relativo ao primeiro trimestre, respondeu que apenas “trabalha para a recuperação da totalidade das dívidas de terceiros”. (Por Danielle Cabral Távora)

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