Tudo igual – A reunião da Comissão Especial de Reforma Política na Câmara para votação do relatório do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), prevista para as 14 horas desta segunda-feira (25), foi adiada para as 18 horas. O adiamento da sessão – inicialmente marcada na terça-feira da última semana – a pegou de surpresa o relator, que disse ter sido informado da mudança de horário pela secretária da comissão.
Castro afirmou ainda não ter sido procurado pelo presidente do colegiado, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Não sei, não telefonou, não me deu nenhuma satisfação”, revelou o deputado. A justificativa oficial é que Maia atendeu a apelos de alguns deputados, que não conseguiriam sair de seus Estados e chegar a tempo. Com ou sem aprovação do relatório, o assunto será discutido a partir desta terça-feira, 26, no plenário da Câmara.
Marcelo Castro, apesar de discordar do “distritão”, cedeu à pressão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e incluiu em seu relatório o modelo pelo qual são eleitos os candidatos a deputado mais votados em um Estado. Mesmo assim, Cunha é contra o texto, desqualificou o parecer e tem trabalhado para evitar a votação. O presidente da Câmara diz que é melhor que o assunto vá a plenário sem relatório, pois o texto “engessaria” a reforma política e dificultaria ainda mais a busca por um consenso.
O presidente da Câmara colocou como prioridade a adoção do “distritão”, modelo criticado por personalizar muito as eleições e impedir a renovação de quadros na Câmara dos Deputados. Apesar de não ter garantia de maioria para aprovar o modelo, Eduardo Cunha quer a discussão no plenário por ter uma margem maior de manobra para aprovar a reforma política que deseja.
Marcelo Castro afirmou estar frustrado com as manobras e admitiu que, da forma como a discussão vem sendo conduzida, a probabilidade maior é que não se vote o relatório. “Fazer um trabalho desses para, depois, não dar em nada?”, indagou o parlamentar. No mesmo horário da votação, Cunha estará reunido com líderes partidários em seu gabinete para discutir como será a votação em plenário. O deputado já decidiu que a discussão será ponto a ponto, de maneira “fatiada”, para que consiga aprovar alguns pontos do projeto.
Mesmo que pontos específicos da reforma política sejam aprovados na Câmara, divergências com o Senado devem afundá-la novamente. Deputados e senadores se disseram descrentes e acreditam que tudo deve continuar como está atualmente. (Por Danielle Cabral Távora)
