Copa do Mundo: FBI investigará escolhas de Rússia e Qatar; ministro fala em “racismo e preconceito”

fifa_10Alça de mira – A Justiça dos Estados Unidos informou, em Nova York, que as investigações do FBI sobre o futebol serão ampliadas. Será analisada a forma pela qual a FIFA escolheu a Rússia e o Qatar para sediarem as Copas de 2018 e 2022, respectivamente. O anúncio se dá no momento em que a Bolsa em Doha sofreu queda e as dúvidas passaram a pairar sobre a manutenção desses eventos depois da renúncia de Joseph Blatter, presidente da FIFA.

Em 2010, a FIFA escolheu os dois países para receber os Mundiais e, imediatamente após a decisão, escândalos de corrupção e alegações de compra de votos passaram a marcar o processo de preparação. A entidade chegou a realizar uma investigação interna sobre o caso, mas concluiu que não existia base para cancelar a votação.

Mesmo assim, nem a Justiça norte-americana e nem a Suíça acreditam nessa versão. Inclusive, autoridades de Berna já interrogaram dez cartolas nesta semana sobre a forma pela qual ocorreu a eleição. Agora é a vez do Federal Bureau of Investigation seguir o mesmo caminho. O órgão estadunidense também incluirá o assunto na investigação que já resultou em nove prisões, entre elas a de José Maria Marin, ex-presidente da CBF. Em 2010, quem votou pelo Qatar foi o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

Tanto o Catar quanto a Rússia negam qualquer envolvimento. Khaled al-Attiyah, ministro de Relações Exteriores do Qatar, acusa a Europa e os EUA de “racismo”. “É muito difícil para algumas pessoas aceitar que o campeonato será realizado num país árabe e islâmico, como se um Estado árabe não pudesse ter esse direito”, afirmou. “Acredito que essa campanha ultrajante contra o Qatar seja por preconceito e racismo”, afirmou o ministro.

A Rússia também negou qualquer ligação com o escândalo e garantiu que não existe o risco de perder o evento. “Nossa cooperação com a FIFA continua, assim como as preparações para a Copa do Mundo de 2018”, revelou Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin, que não é considerado confiável por muitos estadistas ao redor do planeta.

Entretanto, a ausência de Joseph Blatter na FIFA pode enfraquecer ambos os países. O suíço era um dos maiores defensores do Mundial da Rússia e do Qatar e chegou a “comprar” a ideia de que a campanha contra ele era uma forma de o Ocidente derrubar a Copa promovida pelo Kremlin. Vladimir Putin passou a ser um de seus aliados, denunciando os EUA.

Assim, sem Blatter a pressão por uma investigação sobre a compra de votos da Rússia deve aumentar. O Ministério Público da Suíça já apura o caso e deve interrogar outros dez cartolas nas próximas semanas.

Jornais ingleses revelaram que dirigentes esportivos do Qatar estão sendo orientados a não viajar aos Estados Unidos, sob o risco de serem interrogados ou mesmo presos. Apenas aqueles com imunidade diplomática estão circulando.

Nesta quarta-feira (3), o governo do Qatar e cartolas locais alegaram que não existe motivo para se preocupar. Para o presidente da Federação do Qatar, Hamad Bin Khalifa bin Ahmed Al Thani, não existe risco de o país perder a Copa. “Já fomos inocentados”, informou, em relação à investigação interna realizada pela FIFA. (Por Danielle Cabral Távora)

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