Luz vermelha – No primeiro trimestre do ano houve queda na atividade econômica do Brasil e, segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento do desemprego reflete este momento, já evidenciado pelo recuo do Produto Interno Bruto (PIB).
“Há dificuldade de permanência do emprego e de geração de novas oportunidades. Então, o cenário que se mostra hoje é de perda de emprego, perda de qualidade de emprego e remetendo a uma geração de trabalho focado na informalidade”, afirmou Azeredo.
Um dos dados que refletem a piora no mercado de trabalho brasileiro é o de emprego com carteira assinada no setor privado. Neste quesito, houve queda de 1,5% no trimestre até abril de 2015 em relação a igual período do ano passado, significando um corte de 552 mil vagas formais. O indicador funciona como um termômetro da qualidade do emprego no País, já que, além da formalização, possui um rendimento médio mais elevado.
“Isso é reflexo daquilo que aconteceu lá (no PIB). Se não gera trabalho, se a produção reduz, a consequência é essa”, ressaltou o coordenador. O PIB brasileiro recuou 0,2% no primeiro trimestre em relação aos três últimos meses de 2014. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a queda foi de 1,6%, a maior neste confronto desde o segundo trimestre de 2009 (-2,3%).
Somado a isso, sempre há no início do ano um aumento da desocupação devido ao movimento sazonal de dispensa de temporários, explicou Azeredo. Há ainda a expectativa de quanto o mercado de trabalho vai reter dessa mão-de-obra contratada para atender à demanda das festas de fim de ano. “Neste ano, porém, o mercado não reteve nada, ele botou para fora”, revelou o coordenador.
A taxa de desocupação medida pela Pnad Contínua subiu a 8% no trimestre até abril de 2015, o maior resultado já observado na série, iniciada em janeiro de 2012. “Na carteira de trabalho, isso (queda na ocupação) é visível. O aumento de carteira dos últimos anos acaba se revertendo. Mas não é só quem tem carteira que está perdendo trabalho”, afirmou o funcionário do IBGE.
O emprego sem carteira assinada diminuiu 3,7% no trimestre até abril em relação a igual período do ano passado. Ou seja, 384 mil postos nesta posição foram extintos. “Houve perda de emprego, e pessoas que precisavam de um trabalho imediato acabaram atuando por conta própria, seguindo o caminho da informalidade”, ressaltou.
O emprego por conta própria foi engrossado por um contingente de 1,024 milhão de pessoas no trimestre até abril deste ano em relação a igual período de 2014. A diferença representa alta de 4,9% no período. “Parte expressiva do ‘conta própria’ é emprego informal. Pode ser o cara que trabalha na praia vendendo lanche”, finalizou Azeredo. (Por Danielle Cabral Távora)
