Dirigentes da FIFA não querem esperar até o fim do ano e pedem a saída imediata de Joseph Blatter

joseph_blatter_31Jogo de bastidores – Mesmo com seu pedido de renúncia, Joseph Sepp Blatter não conseguiu acalmar a tensão vivida pela FIFA. Dirigentes e organizadores de torneios da entidade afirmaram que o presidente da entidade, reeleito na semana passada, não deve esperar até as eleições no fim do ano e precisa deixar imediatamente o cargo.

Depois do anúncio de Blatter, a sede da entidade foi fechada aos jornalistas e turistas e, no Oriente Médio, as bolsas foram afetadas diante de temores de que o Qatar possa perder o Mundial de 2022.

O economista suíço de 79 anos anunciou sua renúncia apenas quatro dias depois de ser eleito e diante de uma pressão inédita de patrocinadores e aliados. Segundo fontes, Joseph Blatter foi informado que seria alvo de mais uma investigação nos Estados Unidos, o que o levou a desistir de ficar mais quatro anos à frente da entidade máxima do futebol. Porém, o cartola fez questão de preparar sua saída, dando um prazo de seis meses para a realização de novas eleições. Ou seja, Blatter quer um tempo para apagar suas digitais dos muitos escândalos de corrupção que há décadas emolduram a FIFA.

Um dia após a renúncia, Blatter seguiu sua agenda normalmente: foi trabalhar pela manhã e se reuniu com todos seus 400 funcionários para explicar sua decisão. Além disso, afirmou que, até o final do ano, quer aprovar uma reforma da FIFA. Entre as medidas propostas está a de limitar os mandatos de dirigentes e reduzir o Comitê Executivo da entidade.

De acordo com assessores da FIFA, Blatter foi “ovacionado” pelos funcionários durante dez minutos, levando o dirigente às lágrimas. Ele teria dito que os funcionários formam um “time fantástico” e pediu a todos que “permaneçam fortes”. Nenhum funcionário confirmou aos jornalistas o que de fato ocorreu dentro da reunião.

Apesar disso, os dirigentes não ficaram convencidos. Tanto é assim, que a Federação de Futebol da Jordânia revelou que está examinando as regras da FIFA para tentar convencer a divisão legal de que uma nova eleição não deve ocorrer e que seu candidato, o príncipe Ali bin al-Hussein, deve ser o novo presidente, já que ficou em segundo lugar na disputa da última sexta-feira (29), com 73 votos.

Ainda segundo um membro do Comitê Executivo, o japonês Kozo Tashima, o presidente da FIFA precisa deixar o cargo imediatamente. “Na reunião que tivemos no sábado, ele falou com orgulho como ele tinha vencido um novo mandato”, ressaltou. “Se existe algo contra ele, uma explicação precisa ser dada por ele. É uma farsa ele agora ficar no cargo pelos próximos seis meses”, atacou. “Se existe algo contra ele, Blatter não pode ser autorizado a ficar mais”, completou.

Enquanto isso, Joseph Blatter foi alertado pelos organizadores do Mundial Sub-20, que acontece na próxima semana na Nova Zelândia, que ele deveria ficar longe do evento, o terceiro mais importante da FIFA. O temor dos organizadores é de que ele se transforme no centro das atenções.

Na terça-feira (2), nomes para suceder o suíço começaram a surgir, enquanto cartolas disparavam telefonemas para novas alianças. Vale ressaltar que o sucessor de Blatter, Jeff Webb, está preso por corrupção.

Até agora, o único candidato declarado é Ali bin al- Hussein, derrotado na recente eleição, mesmo apoiado pela UEFA. Mas o francês Michel Platini poderia voltar ao pleito. Ele havia indicado que não concorreria à presidência da FIFA enquanto Blatter fosse candidato. Agora, o cenário muda de forma radical.

Para evitar um maior confronto com o restante do planeta e falar em boicote à Copa, Platini adiou uma reunião de emergência que tinha planejado com a UEFA para o final de semana. Para ele, ainda não está na hora de debates. Seus aliados insistem que o adiamento é mais um sinal de que Platini quer se apresentar como o “candidato de todos”.

Chung Moon-joon, da Coreia do Sul, também indicou que está disposto a concorrer, enquanto o governo da Venezuela fala em Maradona. Candidatos vão se posicionado em todos os continentes. No Brasil, o ex-jogador Arthur Antunes Coimbra, o Zico, já demonstrou interesse em presidir a FIFA, inclusive com manifestação nas redes sociais. (Por Danielle Cabral Távora)

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