Com Mundiais sob suspeita e uma guerra pelo poder, FIFA suspende escolha da sede da Copa de 2026

jerome_valcke_05Gato escaldado – Em coletiva de imprensa na Rússia, nesta quarta-feira (10), Jérôme Valcke, secretário-geral da FIFA, indicou que “não faria sentido” manter o cronograma das próximas Copas do Mundo, principalmente diante da previsão de eleições na entidade em dezembro de 2015 para escolher um novo presidente. Será enviada uma carta a todas as 209 federações nacionais para explicar os motivos do adiamento.

O FBI investiga a compra de votos para a Copa de 1998, 2010, 2018 e 2022. Além disso, procura detalhes dos contratos entre a Fifa e cartolas brasileiros para o Mundial de 2014.

Para 2026, a entidade máxima do futebol havia estabelecido na semana passada que uma decisão sobre a sede seria votada em maio de 2017. O processo de avaliação de candidatos e exames técnicos começaria nos próximos meses. Canadá, México e EUA eram os mais cotados como possíveis candidatos. Porém, Joseph Blatter, ainda presidente da FIFA, deixou claro que a concorrência seria aberta “a todo o mundo”.

Entretanto, para Valcke não existem condições para tratar das candidaturas. Blatter e ele mesmo sairão em dezembro, quando eleições devem ocorrer. Nos bastidores, a guerra pelo poder tem sido intensa. Além disso, vários dirigentes presos são da América do Norte, favorita para ter a Copa de 2026.

Jeff Webb, ex-presidente da Concacaf, um dos principais incentivadores da ideia do Mundial de 2026 na região, está preso em Zurique a pedido da Justiça dos EUA.

O secretário-geral ainda saiu em defesa do Mundial de 2018 na Rússia e, apesar das investigações, garante que não existe nada que prove que houve irregularidade na votação, em 2010. “Não há dúvidas de que os eventos da Copa de 2018 na Rússia ocorrerão em alto nível”, afirmou. Para ele, “não existem indícios” de irregularidades.

Valcke também se defendeu das acusações de que sabia do pagamento de US$ 10 milhões de autoridades sul-africanas para cartolas do Caribe. O FBI suspeita que o dinheiro seja o pagamento por votos para que a África do Sul ficasse com a sede da Copa de 2010.

É importante frisar que o dinheiro jamais apareceu nas contas da União de Futebol do Caribe, apesar de os sul-africanos indicarem que se tratava de um programa social. Porém, o dinheiro passou pela FIFA e por Valcke, de acordo com documentos revelados.

“Não entendo qual é o problema e por que sou um alvo nessa questão”, disse Valcke. “Estou tentando ser o mais transparente que eu posso. Não era dinheiro da Fifa. Foi um pedido das autoridades sul-africanas”, finalizou. (Danielle Cabral Távora)

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