Negociações sobre a dívida grega chegam a impasse

(Alkis Konstantinidis - Reuters)
(Alkis Konstantinidis – Reuters)
Corda esticada – O governo da Grécia e as autoridades europeias em Bruxelas se encontram em rota de colisão nesta quarta-feira (17), véspera de um encontro dos 19 ministros das Finanças da zona do euro em Luxemburgo, apontado como decisivo para evitar que o país do sul da Europa dê um calote nos credores.

De um lado, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, chamou de incompreensíveis as exigências para cortar aposentadorias, dizendo que os credores têm uma “fixação” pelo tema. Segundo ele, se a União Europeia insistir nesse ponto, deve aceitar o custo de um desenvolvimento que não beneficiará ninguém na Europa. Tsipras afirmou que seu governo já foi tão longe quanto podia.

Do outro lado, o chefe da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker acusa Tsipras de enganar a opinião pública grega. “O debate dentro e fora da Grécia seria mais fácil se o governo dissesse exatamente o que a Comissão propõe.” Os credores argumentam que o que eles pedem não é um corte nas pensões, mas uma reforma no sistema previdenciário grego para evitar a aposentadoria precoce.

O vice-comissário europeu Valdis Dombrovskis disse que os gregos devem oferecer um plano mais realista de quais reformas pretendem implementar para reduzir seu endividamento. “É hora de os gregos falarem o que querem fazer e não apenas o que não querem”, disse.

Para tentar resolver o impasse, o chanceler federal da Áustria, Werner Faymann, reuniu-se com Tsipras nesta quarta-feira em Atenas. Faymann é um dos líderes europeus mais próximos do governo grego, mas aparentemente não conseguiu demover o premiê de suas posições.

A Grécia necessita desesperadamente de dinheiro até o final deste mês. No dia 30 expira o atual programa de resgate, e o país necessita devolver uma parcela de 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Outros 6,7 bilhões devem ser pagos ao Banco Central Europeu (BCE) em julho e agosto.

Para poder honrar esse compromisso, o governo grego espera que seus credores internacionais – a Comissão Europeia, o BCE e o próprio FMI – paguem a última parcela do atual programa de resgate, de 7,2 bilhões de euros. Mas eles condicionam o pagamento à apresentação de um plano para resolver o problema do endividamento. Até agora, todas as propostas da Grécia foram recusadas, e as apresentadas pelos credores foram descartadas pela Grécia. As enormes diferenças levaram à suspensão das negociações no nível técnico.

“A chance de um acordo nesta quinta-feira é muito pequena”, afirmou o ministro das Finanças da Holanda, Jeroen Dijsselbloem, que preside a zona do euro.

O que torna a situação ainda mais dramática é que, mesmo que um acordo seja alcançado nos próximos dias, a sua implementação pode demorar por causa da necessidade de aval dos parlamentos nacionais.

O presidente do Banco Central da Grécia, Yanis Stournaras, afirmou que o fracasso das negociações entre Atenas e os credores internacionais pode levar ao “grexit”, ou seja, à saída do país da zona do euro. “Um fracasso das negociações seria o início de um processo doloroso que conduziria inicialmente a um default e finalmente à saída da zona do euro e, provavelmente, da União Europeia”, afirmou Stournaras em Atenas, diante do Parlamento.

O comissário europeu dos Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, concordou que, diante do impasse, o encontro desta quinta-feira não será decisivo, mas poderá ser útil para um derradeiro esforço para se alcançar um compromisso. Ele pediu vontade política a Atenas, argumentando que as propostas que foram apresentadas pelos credores são “absolutamente razoáveis”.

Com o cenário de default da Grécia cada vez mais provável, os próximos dias deverão testemunhar esforços adicionais e desesperados de todas as partes – já que tanto o governo liderado por Tsipras como os parceiros europeus e credores são unânimes num ponto: o de que a melhor opção é um acordo que permita à Grécia manter-se na zona do euro. Para isso, não está excluída a possibilidade de uma reunião de cúpula extraordinária de líderes europeus para destravar um acordo. (Com agências internacionais)

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