Diante de impasse, premiê da Grécia critica “postura estranha” de credores

alexis_tsipras_02Cortina de fumaça – Antes da reunião marcada para esta quarta-feira (24), em Bruxelas, com credores da dívida grega, o primeiro-ministro Alexis Tsipras afirmou no Twitter que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e líderes europeus adotam uma “postura estranha” em relação às propostas de austeridade apresentadas em troca da liberação do resgate financeiro à economia do país.

“A repetida rejeição por certas instituições de medidas equivalentes nunca ocorreu antes nem na Irlanda, nem em Portugal”, escreveu Tsipras. “Essa postura estranha parece indicar que não há interesse num acordo ou que interesses especiais estão sendo protegidos.”

Uma fonte do governo grego disse à agência de notícias AFP que o FMI não aceitou as propostas de reforma econômica apresentadas por Tsipras na segunda-feira. As medidas preveem aumento de impostos e das contribuições da aposentadoria, e devem incrementar o orçamento grego em 8 bilhões de euros até 2016.

Já Atenas rejeitou uma contraproposta apresentada pelos credores internacionais. Eles exigem o aumento do recolhimento do Imposto do Valor Agregado, que incide sobre o consumo, e cortes mais significativos nas despesas públicas.

Tsipras se reúne nesta quarta com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, e a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, antes de uma nova reunião de ministros das Finanças da zona do euro, que vão analisar as medidas apresentadas pela Grécia.

No mercado financeiro, as bolsas de valores europeias operam em baixa diante de sinais de que a Grécia e seus credores ainda não estão perto de um acordo. Atenas tem até 30 de junho para pagar uma dívida de 1,6 bilhão de euros ao FMI.

Nesta quarta, o porta-voz do Ministério alemão das Finanças Martin Jaeger afirmou que um acordo final sobre a negociação da dívida grega ainda está longe de ser alcançado. Jaeger ressaltou que é essencial que a Comissão Europeia, o FMI e o BCE aceitem as propostas em conjunto.

“A nossa impressão é que ainda temos um longo caminho pela frente”, declarou. Jaeger disse que depois de os credores internacionais terem demonstrado uma “generosidade extraordinária”, é a hora de a Grécia se mover para pôr um fim à crise.

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, disse que a Europa tem o “dever moral” de ajudar a Grécia. “Há uma grande pressão por parte da opinião pública europeia para usar essa janela que está se abrindo para fechar a Grécia e se livrar da presença do país na zona do euro”, argumentou.

O assunto será discutido na reunião de dois dias dos líderes dos 28 países-membros da União Europeia, marcada para quinta e sexta-feira.

Nesta quarta, o BCE aumentou pela quinta vez em oito dias a liquidez de urgência aos bancos gregos. Preocupados com um possível calote da dívida, cidadãos gregos sacaram na semana passada cerca de 4 bilhões de euros das poupanças. (Com agências internacionais)

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