UE rejeita estender resgate à Grécia e confirma calote do governo de Atenas

(A. Messinis - AFP - Gety Images)
(A. Messinis – AFP – Gety Images)
Início do caos – Os ministros das Finanças da zona do euro rejeitaram o pedido da Grécia para estender o resgate para além da meia-noite desta terça-feira (30), prazo final para o pagamento de uma parcela de 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Apesar de o calote de Atenas já estar consumado, o Eurogrupo agendou para quarta-feira (1) uma nova teleconferência para analisar o pedido de um novo programa de resgate, informou Alex Stubb, ministro das Finanças da Finlândia.

“A extensão do programa não é possível”, disse Stubb através de mensagens publicadas na sua conta do Twitter. “Pedidos para o programa de ESM são feitos sempre através do procedimento padrão”, escreveu o finlandês, referindo-se ao programa de assistência do Mecanismo de Estabilidade Europeu.

O resultado da teleconferência desta terça-feira é interpretado como sendo oficial o calote grego, já que o país não terá condições financeiras de quitar a parcela da dívida junto ao FMI. Com isso a Grécia torna-se a primeira economia desenvolvida a dar um calote na instituição.

Membro do conselho diretor do Banco Central Europeu (BCE), Ewald Nowotny reforçou a pressão para que os gregos aprovem no referendo do próximo domingo (5) as propostas dos credores internacionais do país, em especial os que compõem a troika.

Nowotny deixou claro que um “default” por parte da Grécia pode levar a uma decisão ainda mais dura do BCE, que entre tantas medidas não descarta cortar o financiamento emergencial que tem mantido os bancos gregos nos últimos meses.

De acordo com Ewald Nowotny, “é um referendo difícil porque as questões não são tão fáceis”. “Será sobre se a estratégia de oposição crítica do atual governo prosseguirá ou se eles aceitarão as propostas dos credores”, comentou.

“Não quero especular, mas está bem claro que se as propostas feitas pelas instituições europeias forem rejeitadas não haverá muito espaço para negociação”, declarou Nowotny. “E se isso acontecer, um capítulo será encerrado e começará outro, muito arriscado e difícil, sobre como um país que não tem acesso ao BCE continuará suas atividades. Nós só podemos esperar que o resultado seja positivo.”

O BCE decidiu, no último domingo (28), manter o limite de empréstimos a que os bancos gregos têm acesso por meio da Assistência de Liquidez Emergencial (ELA, na sigla em inglês) em cerca de € 89 bilhões. Com o calote, o governo do premiê Alexis Tsipras deixará de contar com uma ajuda adicional de 16 bilhões de euros, situação que pode levar a Grécia ao colapso econômico.

Tsipras e o ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, têm tentado colocar a população contra os credores internacionais, assim como contra a União Europeia, mas a estratégia pode repetir o resultado de decisão semelhante tomada, em novembro de 2011, pelo então premiê Georges Papandreou. Na ocasião, Papandreou convocou um referendo para decidir o futuro da Grécia na União Europeia, mas acabou deixando o cargo uma semana depois por falta de apoio político.

apoio_04