Youssef fala sobre repatriação de R$ 20 mi; PF precisa investigar “swift” de 7,5 milhões de euros

euro_06Lenha na fogueira – Um dos principais delatores da Operação Lava-Jato, o doleiro Alberto Youssef voltou a lançar suspeitas sobre o dinheiro que abasteceu a campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição, em 2014

Em depoimento prestado à Justiça Eleitoral, Youssef afirmou que foi procurado por um homem, identificado por ele apenas como “Felipe”, integrante da cúpula de campanha do PT, que buscava os serviços do doleiro repatriar R$ 20 milhões que seriam usados no caixa eleitoral. O depoimento de Yousseff à Justiça Eleitoral foi prestado em 9 de junho e tornado público somente nesta sexta-feira (3).

A investigação eleitoral foi proposta, no final de 2014, pela coligação do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e pelo diretório do PSDB, antes da diplomação da presidente reeleita. Os tucanos cobram a investigação do que acreditam ser abuso de poder econômico e político por parte da presidente Dilma e do vice-presidente Michel Temer na campanha do ano passado, ao mesmo tempo em que pedem a cassação do registro da candidatura.

O PSDB alega que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve examinar a possível captação de recursos de forma ilícita de empresas com contratos firmados com a Petrobras, repassados posteriormente aos partidos que formaram a coligação de Dilma Rousseff.

Em seu depoimento à Justiça Eleitoral, Youssef não identificou com certeza quem seria o emissário que o procurou. “Uma pessoa de nome Felipe me procurou para trazer um dinheiro de fora e depois não me procurou mais. Aí aconteceu a questão da prisão, e eu nunca mais o vi’”, afirmou o delator. O doleiro revelou também que conheceu Felipe por intermédio de um amigo chamado Charles, dono de uma rede de restaurantes em São Paulo. E afirmou que não se lembrava do sobrenome do emissário. “Se não me engano, o pai dele tinha uma empreiteira”, disse.

À época, Youssef teria dito a Felipe que poderia realizar a operação sem problemas. Entretanto, não o fez porque foi preso pela Polícia Federal dois meses depois, em São Luís, sendo imediatamente transferido para Curitiba, onde permanece na carceragem da superintendência do órgão. Indagado se o dinheiro era para a campanha de Dilma, o delator respondeu: “Sim, mas não aconteceu”.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência e ex-tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff, Edinho Silva, afirmou que desconhece os fatos mencionados. “A campanha arrecadou recursos apenas dentro da legalidade e, portanto, no país”. Edinho é um dos citados por outro delator do escândalo, o empreiteiro Ricardo Pessoa, do da UTC Engenharia, que revelou que o ex-tesoureiro pressionou-o a fazer doações à campanha da petista, no melhor estilo propina camuflada.

Os petistas podem até negar o fato em questão e outros mais, até porque a Constituição Federal garante ao acusado a não obrigatoriedade de produzir provas contra si, porém a força-tarefa da Lava-Jato pode a qualquer momento chegar a uma transferência internacional de dinheiro (“swift”) no valor de 7,5 milhões de euros, que saiu de Portugal para um dos próceres do partido, com o objetivo de abastecer o caixa da campanha de Dilma Rousseff. No ponto de partida da remessa, feita pelo Banco Espírito Santo, está uma empresa de telefonia europeia que em outra ocasião teve o nome envolvido em escândalo ao lado do PT.

No Brasil, o tal “swift” foi rastreado e devidamente identificado na filial do banco português, sendo que o destinatário da remessa é alvo da Operação Lava-Jato, mesmo que na segunda fila dos investigados, podendo ser preso a qualquer momento. Se isso acontecer, a situação de Dilma Rousseff, que já sofre com a falta de apoio político e popular, pode piorar ainda mais. Se o UCHO.INFO tem essa informação, é impossível que a Lava-Jato não a tenha. Basta cruzar a remessa com as viagens de “companheiros” à Europa, mais precisamente a Portugal. (Danielle Cabral Távora com Ucho Haddad)

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