Redemoinho da corrupção – A situação da petista Gleisi Helena Hoffmann está cada vez mais complicada. O juiz federal Sérgio Fernando Moro, responsável pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato, deferiu pedido da Polícia Federal para que o empreiteiro Ricardo Pessoa seja ouvido no inquérito que tem na alça de mira ex-ministra-chefe Casa Civil.
Gleisi já foi acusada pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e pelo doleiro Alberto Youssef de ter levado dinheiro do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história nacional. A inclusão de Ricardo Pessoa no inquérito que apura o envolvimento da senadora petista no escândalo abre uma nova e tenebrosa fonte de investigações.
Dono da UTC Engenharia e um dos importantes delatores da Lava-Jato, Pessoa será ouvido pela Polícia Federal em São Paulo na próxima quarta-feira (8) para esclarecer se a senadora petista foi beneficiária do esquema responsável por desviar bilhões de reais da Petrobras. Em acordo de delação premiada selado com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Ricardo Pessoa diz ter dado R$ 3,6 milhões como “caixa 2″ a tesoureiros petistas. As informações foram levantadas pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.
Em depoimento prestado à Polícia Federal em abril deste ano, Gleisi Hoffmann confirmou ter recebido doações da UTC e disse ter solicitado pessoalmente a Ricardo Pessoa contribuições para eleger-se senadora pelo Paraná, em 2010. A petista afirmou também que conhecia Pessoa desde os tempos em que também trabalhou em Mato Grosso do Sul. De acordo com o sistema de prestação de contas de campanha, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gleisi recebeu R$ 250 mil em 2010, quando concorreu ao Senado, e R$ 950 mil em 2014, quando disputou o governo do Paraná.
Além de Ricardo Pessoa, o encarcerado presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, preso na Operação Lava Jato, também foi ouvido pela Polícia Federal em maio para prestar esclarecimentos sobre o envolvimento da senadora no Petrolão. Para a PF, Gleisi também confirmou ter procurado pessoalmente o presidente da Odebrecht para pedir doações à sua campanha de 2010.
Gleisi Hoffmann é alvo de inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal em março passado, após de ter sido citada por pelo menos dois delatores da Lava-Jato (Youssef e Paulo Roberto Costa). Ambos disseram aos investigadores que atuaram para que a então candidata ao Senado recebesse R$ 1 milhão do esquema para ajudar no financiamento de sua campanha.
Costa disse ter sido procurado pelo marido de Gleisi, o então ministro do Planejamento Paulo Bernardo da Silva (cargo-chave para a liberação das grandes obras cobiçadas pelas empreiteiras) em busca de doações para a esposa. Costa encaminhou a solicitação para Youssef, que por sua vez providenciou o dinheiro e a entrega do numerário, o que aconteceu em um shopping popular no centro da capital paranaense.
A transação foi confirmada posteriormente pelo doleiro, também em depoimento aos investigadores da Lava-Jato. A senadora, contudo, nega as acusações. Ela disse à PF que o dinheiro recebido da Odebrecht, da UTC e de outras empreiteiras investigadas é fruto de doações legais, devidamente registradas no TSE. É essa questão crucial que o interrogatório de Ricardo Pessoa, apontado como chefe do chamado “Clube do Bilhão”, deve esclarecer.