Lava-Jato: conta secreta na Suíça abasteceu campanha de Lula em 2006, afirma dono da UTC

lula_384Abrindo o jogo – Documento apresentado nas investigações da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, mostra a movimentação de uma conta secreta na Suíça aberta pelos empreiteiros envolvidos no Petrolão, o maior esquema de corrupção da história brasileira, que sangrou os cofres da Petrobras com o pagamento de propinas a políticos e partidos.

De acordo com Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, que selou acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava-Jato, foi dessa conta que saíram R$ 2,4 milhões que reforçaram o caixa da campanha do então presidente Luiz Inácio da Silva em 2006. O dinheiro foi desviado dos cofres da Petrobras e chegou ao Brasil através de operação financeira totalmente clandestina e ilegal.

O delator revelou que a UTC, a Iesa, a Queiroz Galvão e a Camargo Corrêa formavam o consórcio que venceu a licitação para construir três plataformas de petróleo. Como era regra na estatal, um porcentual do contrato era obrigatoriamente reservado para subornos.

Ainda segundo Pessoa, a conta foi criada para o “pagamento de comissionamentos devidos a agentes públicos em razão das obras da Petrobras, ou seja, o pagamento de propinas”. Ela também ajuda a dificultar o rastreamento de corruptos e corruptores. Foi dessa fonte clandestina que saiu o dinheiro que ajudou Lula a se reeleger.

Para comprovar a existência da conta secreta, o empreiteiro apresentou ao Ministério Público extratos com as movimentações. Batizada de “Controle RJ 53 – US$”, a planilha registrou operações envolvendo US$ 5 milhões em pagamentos de propina.

Além de financiar o caixa dois da campanha do agora lobista Lula, a conta bancária na Suíça foi utilizada para pagar os operadores do PT na Petrobras. Entre as movimentações listadas pelo empreiteiro estão pagamentos ao ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, um dos responsáveis pela coleta das propinas destinadas ao Partido dos Trabalhadores.

Os repasses à campanha de Lula foram acertados entre Ricardo Pessoa e o então tesoureiro petista, José de Filippi Junior. O próprio empreiteiro se encarregava de levar pacotes de dinheiro ao comitê da campanha em São Paulo. A entrega era cercada de medidas de segurança típicas de organizações criminosas. Ao chegar à porta do comitê, o empreiteiro dizia a senha “tulipa”. Se ele ouvia como resposta a contra-senha “caneco”, seguia direto para a tesouraria.

No caso de serem confirmados pela Justiça, os pagamentos via caixa dois são a primeira prova de que o ex-presi¬dente Lula também foi beneficiado diretamente pelo Petrolão.

Dilma Vana Rousseff, a cambaleante presidente da República, disse mais de uma vez que abomina delatores, mas é preciso lembrar que o discurso da petista se explica com o fato de ela própria ter envolvimento com o escândalo de corrupção, mesmo que indiretamente, por enquanto.

Ricardo Pessoa mandou diversos recados ao Palácio do Planalto, mas os petistas palacianos, assim como o alarife Lula, preferiram ignorar os outrora parceiros de crime, que acabaram presos pela PF na esteira da Operação Lava-Jato. Considerando que Pessoa ainda está nos primeiros capítulos da delação premiada, a possibilidade de a cúpula do PT mergulhar na lama do Petrolão é grande e cresce a cada dia.

Se José Dirceu de Oliveira e Silva, o mensaleiro que cumpre pena de prisão domiciliar, está preocupado com os efeitos colaterais da Lava-Jato, não é difícil imaginar o desespero que se abate sobre Lula, que a qualquer momento verá o desmoronamento de sua história embusteira.

Coincidência ou não, é com base nessa situação de desconforto enfrentada pelo antecessor que Dilma mantém-se no poder e desdenha da possibilidade de um pedido de impeachment. Afinal, a presidente sabe muito mais do que Lula gostaria e por certo não cairá sozinha. Por isso o lobista de empreiteira sai de cena repetidas vezes. (Danielle Cabral Távora com Ucho Haddad)

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