Grécia pede novo empréstimo e promete propostas concretas de reformas

alexis_tsipras_20Olimpo do blefe – O governo de Atenas corre contra o relógio na tentativa de convencer seus parceiros europeus a liberarem um terceiro pacote de resgate financeiro, que poderá evitar a saída do país da zona do euro.

Na quarta-feira (8), o primeiro-ministro Alexis Tsipras apresentou novo pedido de ajuda bilionária ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), cumprindo o primeiro passo para um novo pacote de resgate.

O governo grego solicita ajuda de três anos, sem especificar o valor, para “cumprir as obrigações de débito e assegurar a estabilidade do sistema financeiro”. Atenas se compromete a implementar medidas para garantir a sustentabilidade fiscal, o equilíbrio financeiro e o crescimento econômico, mas isso continua sendo encarado com desconfiança pelos credores internacionais.

A grande novidade no pedido diz respeito às reformas tributária e nas aposentadorias. O governo do ultraesquerdista Tsipras afirma no documento que pretende implementar “imediatamente”, já na próxima segunda-feira (13), mudanças nesse setores, mas tal afirmação vai contra as promessas de campanha do primeiro-ministro grego, que vendeu aos eleitores a ideia de enfrentar a Europa.

Para aumentar as suspeitas, cada vez maiores, de que nada do que está sendo anunciado acontecerá de fato, o pedido de ajuda não explicita como se darão as tais reformas. “A Grécia enviará o mais tardar na quinta-feira, dia 9 de julho, essas propostas em detalhes”, destaca o documento. A mesma promessa foi feita por Tsipras nesta quinta, em Estrasburgo, diante do Parlamento Europeu. Ele afirmou que as propostas serão “concretas” e “credíveis”.

Próximos passos

A Comissão Europeia deixou claro, na quarta-feira, que o governo tem até a meia-noite de quinta para enviar o plano detalhado aos parceiros europeus. A aprovação de um programa de regaste dependerá do teor dessas medidas.

De tal modo, as propostas começarão a ser avaliadas na manhã de sexta-feira pelas três instituições que integram a “troika” – Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional (FMI). As análises delas serão submetidas ao Eurogrupo, que prepara então a cúpula extraordinária do Conselho Europeu, marcada para o próximo domingo (12).

A Grécia também não especificou o valor do empréstimo solicitado. Antes do referendo no país, o governo grego havia pedido um programa de regaste de dois anos e aproximadamente 29 bilhões de euros. Na semana passada, o FMI estimou que o país necessita até 2018 de um empréstimo de 50 bilhões de euros, acompanhado de um corte na sua dívida.

Elogios de líderes europeus

A França se posicionou novamente contra a saída da Grécia da zona do euro. “Esse pedido [da Grécia] é equilibrado, positivo. Mostra uma vontade real de avançar e de reformas”, afirmou o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, que disse ainda que esse foi importante passo para possibilitar as negociações.

O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, também elogiou o que ele chamou de mudança positiva no tom da Grécia, ao se comprometer a fazer reformas críveis para conseguir um novo empréstimo.

“O tom mudou. Não é o que estávamos ouvindo até agora, isso é positivo. O país está empenhado em iniciar reformas na segunda-feira, está empenhado em respeitar as regras e procedimentos, o que é crucial”, afirmou.

Bancos fechados

Enquanto o governo tenta negociar um empréstimo em Bruxelas, a incerteza permanece grande na Grécia. Segundo a emissora de rádio estatal grega ERT, os bancos permanecem fechados no país pelo menos até a próxima segunda-feira.

As medidas de controle de capital deveriam terminar nesta quarta-feira, mas de acordo com a ERT, os gregos continuarão não podendo sacar mais de 60 euros por dia nos caixas eletrônicos. Depósitos em contas no exterior também necessitam de uma autorização do Banco Central grego e do Ministério das Finanças.

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