Ladeira acima – Pela 14ª rodada seguida, a estimativa para o IPCA de 2015 avançou de 9,12% da semana passada para 9,15% agora. Há um mês, essa projeção do Relatório Focus, do Banco Central, estava em 8,97%. No Relatório Trimestral de Inflação de junho, o Banco Central havia apresentado estimativa de 9% no cenário de referência e de 9,1% usando os parâmetros de mercado.
Para o ano que vem, após duas semanas seguidas de redução, a mediana das projeções para o IPCA voltou a cair. O ponto principal da pesquisa passou de 5,44% da semana anterior para 5,40% agora. Neste momento, o fim de 2016 é o foco da autoridade monetária, já que promete entregar a inflação no centro da meta daqui a pouco mais de um ano. Portanto, o resultado da Focus vai em linha com o trabalho do BC nos últimos meses. Pelos cálculos da instituição revelados no Relatório Trimestral de Inflação, o IPCA ficará em 4,8% em 2016 no cenário de referência e em 5,1% no de mercado. A luta do BC no momento é tentar convencer o mercado de que chegará ao centro da meta em 2016.
Para a inflação de curto prazo, foi visto um aumento das estimativas para o IPCA de julho na pesquisa Focus, que subiu de 0,45% para 0,50% de uma semana para outra. No caso de agosto, no entanto, a taxa estimada permaneceu em 0,30% no período.
As projeções para os preços administrados neste ano voltaram a subir. A mediana passou de 14,90% para 15,00% agora. Para 2016, a expectativa no boletim Focus apresentada hoje ficou inalterada, em 5,96%. De qualquer forma, essas projeções são mais pessimistas que a do Banco Central. Segundo o último Relatório Trimestral de Inflação de junho, a autoridade monetária revisou de 11% para 13,7% sua expectativa para os preços administrados em 2015. Para 2016, a instituição manteve a previsão de alta de 5,3%, mesmo valor do relatório anterior, apresentado em março.
Com a informação de que o IBC-Br ficou estável em maio após ter registrado quedas em março e abril, o mercado financeiro revisou para baixo suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2015. A expectativa de retração de 1,50% no Relatório de Mercado Focus foi substituída por uma queda de 1,70% agora. A perspectiva de recuperação da atividade no ano que vem também segue debilitada. Passou de 0,50%, onde estava há três edições do boletim Focus, para 0,33% nesta segunda-feira.
O BC, apesar de também ter revisado para pior sua projeção, de queda de 0,6% para retração de 1,1%, segue mais otimista que o mercado. No Relatório Trimestral de Inflação do mês passado, a instituição informou que a mudança ocorreu em função de piora nas perspectivas para a indústria, cuja expectativa de PIB recuou de -2,3% para -3,0%.
Para o Banco Central, essa piora foi influenciada por impactos das reduções projetadas para a indústria de transformação, de -3,4% para -6%, e para a produção e distribuição de eletricidade, água e gás, de -1,4% para -5,6%, refletindo cenário de aumento da participação de termoelétricas na oferta de energia e de redução do consumo de água no primeiro trimestre do ano.
Para o setor de serviços, a autoridade monetária, que até março via uma ligeira expansão de 0,1% em 2015, passou a projetar queda de 0,8%. No boletim Focus desta segunda-feira, a projeção para a produção industrial, no entanto, foi mantida em baixa de 5,00%.
Mesmo com os indicadores recentes apontando para uma atividade mais fraca, o mercado financeiro manteve as expectativas para o comportamento da Selic deste ano. Fez alterações, no entanto, para o rumo dos juros no ano que vem. Para os analistas, o Comitê de Política Monetária (Copom) continua mostrando previsão de alta de meio ponto da taxa básica de juros este mês, para 14,25% ao ano – atualmente a Selic está em 13,75% ao ano. Ainda deixou inalterada a projeção de que a Selic vai encerrar 2015 em 14,50% ao ano pela terceira semana consecutiva. Já para 2016, recuou de 12,25% ao ano para 12,00% a mediana das expectativas para a Selic. Com isso, a previsão volta para o patamar de um mês atrás.
O Relatório de Mercado Focus não apresentou qualquer mudança para a trajetória do dólar em 2015 e 2016. A mediana das estimativas para o câmbio neste ano foi mantida em R$ 3,23. Para o próximo ano, a mediana permaneceu em R$ 3,40 – mesmo patamar também verificado há um mês. (Danielle Cabral Távora)