Descendo a ladeira – Bolsas de valores asiáticas e moedas de países emergentes caíram, nesta quarta-feira (12), no rastro do recuo dos preços das commodities no mercado internacional, depois que a China forçou a desvalorização do yuan em relação ao dólar norte-americano pelo segundo dia consecutivo. O efeito cascata pode ser sentido ao redor do planeta.
O Banco Central chinês definiu a taxa média abaixo da taxa de mercado do fechamento de terça-feira, que já havia caído após a China ter desvalorizado sua moeda em 1,9%. A redução marca a maior desvalorização diária do yuan desde 1994.
A fixação diária do estritamente controlado yuan, que é executada pelo governo chinês, definiu nova desvalorização da moeda em 1,62% – se na terça-feira o yuan estava em 6,2298 para cada dólar americano, a relação subiu para 6,3306.
A desvalorização de terça-feira – a maior também desde 2005, quando a China definiu uma chamada “paridade central” entre yuan e dólar americano – levantou preocupações sobre a saúde da segunda maior economia do mundo. Muitas empresas ocidentais já têm relatado desaceleração das vendas na China e que a economia do gigante asiático estaria desacelerando.
Repercussões globais
Ações, moedas e commodities ficaram sob forte pressão de venda enquanto gestores pesavam as implicações da recente cartada política do governo chinês. Moedas de mercados emergentes como de Indonésia e Brasil cambalearam, com investidores temendo que bancos centrais de todo o mundo fossem enfraquecer suas moedas em resposta à medida chinesa.
As autoridades chinesas mantêm rígido controle sobre o yuan, permitindo que o comércio seja realizado somente dentro de uma escala limite de 2% em relação à taxa de referência diária. A prática é vista como uma forma de ajudar a impulsionar as exportações, tornando-as mais competitivas.
O Banco Central chinês justificou as medidas como uma reforma de livre-mercado, mas especialistas suspeitam que possa ser o início de uma manobra de longo prazo na taxa de câmbio. A medida também pode ter motivos estratégicos, com a China procurando reformar a sua política monetária num esforço para incluir o yuan entre no pacote de reserva do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Contudo, o FMI tem se mostrado pouco receptivo à iniciativa, alegando ser verdade que yuan cumpre os critérios de ser uma moeda utilizada em larga escala para exportações, mas que outras exigências seguem problemáticas.
Entre elas está o rígido controle do câmbio por Pequim, o que tem sido um incômodo para os Estados Unidos, maior contribuidor do FMI. Washington há muito tempo acusa a China de manter o yuan desvalorizado para impulsionar as exportações, afirmando que a prática é desleal e prejudica a sua balança comercial.
A desvalorização do yuan impõe um dilema para o governo Barack Obama, que vem apostando, nos últimos anos, numa diplomacia silenciosa para tentar dissuadir Pequim a liberalizar sua política monetária.
A última alteração no grupo de moedas incluídas na reserva monetária do FMI foi em 2000, quando o euro substituiu o franco francês e o marco alemão. (Com agências internacionais)