Com a fracassada Dilma no meio do “tiroteio”, Cunha ameaça derrubar propostas de Calheiros

eduardo_cunha_19Chumbo grosso – Presidente da Câmara dos Deputados, o peemedebista Eduardo Cunha (RJ) disse, há dias, que não se sentia isolado dentro do partido diante das manobras arquitetadas pelo Palácio do Planalto e endossadas pelo vice-presidente Michel Temer, mas o cenário atual aponta na direção contrária. Depois que o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), se aproximou de Dilma Rousseff e acenou com a chamada “Agenda Brasil”, falsa tábua de salvação para tirar o País do desastre econômico, Cunha passou a atirar na direção do colega de legenda.

Essa troca de farpas resulta de uma tentativa de Calheiros de salvar a própria pele no caso do Petrolão, já que o peemedebista alagoano é investigado na Operação Lava-Jato. Eduardo Cunha, que também e investigado, tem dito que as propostas apresentadas por Renan não passam de espuma com excesso de holofote, algo que acirrou os ânimos entre as duas Casas congressuais.

Na manhã desta quinta-feira (13), à sombra de um crescente clima de animosidades, Cunha afirmou que no caso de o governo do PT não assumir a autoria do pacote de propostas, elaborado a pedido de Renan, nada avançará no Congresso Nacional. Ou seja, Eduardo Cunha promete, em tom de ameaça, derrubar na Câmara qualquer medida aprovada no Senado para salvar o corrupto e incompetente governo de Dilma.

“Por enquanto estou vendo muito holofote, quero ver ação”, disse Cunha, que voltou a lembrar que as primeiras ameaças ao pacote ajuste fiscal apresentado pelo governo partiram inicialmente do Senado, não da Câmara.

Em clara demonstração de que trava uma guerra intestina com Calheiros, o presidente da Câmara disse que não é sua obrigação procurar esse ou aquele político. “Não tenho que procurar ninguém para saber que proposta está sendo inventada. Quem está inventando é que tem que procurar para pedir o apoio, se for o caso”, afirmou.

Marcando posição em relação ao seu notório desentendimento com o Palácio do Planalto, Cunha insistiu em afirmar que cabe ao governo assumir a autoria da chamada “Agenda Brasil”, que deverá ser enviada ao Congresso com pedido de regime de urgência constitucional, o que obriga o Parlamento a uma votação mais célere.

“Se o Poder Executivo está encampando a agenda que está sendo proposta, então transforme isso em propostas do Executivo para ter uma tramitação mais célere”, disse, acrescentando que caso contrário ficará provado que “o Executivo não quer votar absolutamente nada dessas propostas”.

Em resposta a Eduardo Cunha, o presidente do Senado disse que o objetivo do conjunto de propostas é “defender o interesse nacional”. “A presidência do Senado é independente, tem isenção e o mais recomendável nesse momento é usar isso para defender o interesse do Brasil”, afirmou Renan Calheiros.

Nessa queda de braços, que parece não ter fim, quem por enquanto leva a melhor é Eduardo Cunha, já que na condição de presidente da Câmara decidirá se aceita ou não um pedido de impeachment contra a petista Dilma Rousseff, que está cada vez mais na corda bamba. Calheiros, por sua vez, joga para a plateia, como se a parcela pensante da sociedade desconhecesse o seu nefasto currículo.

Independentemente de quem vença essa disputa insana, fato é que ao menos um perdedor já é conhecido, sem qualquer chance de reverter o quadro de derrota: o Brasil. Que mais uma vez pagará a conta indigesta decorrente do fisiologismo político e da corrupção desenfreada.

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