Barrada no baile – O juiz federal Sérgio Fernando Moro, responsável na primeira instância pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato, vetou à defesa da senadora Gleisi Helena Hoffmann acesso a dois processos criminais em que a petista teria sido citada na Operação Pixuleco II, que mira em propinas a partir de contratos de empréstimos consignados no âmbito do Ministério do Planejamento.
Moro autorizou acesso a apenas um processo. “Quanto aos demais, inviável porque colocaria em risco diligências pendentes”, revelou. O juiz federal ressaltou que ‘não há nenhuma medida processual decretada contra a senadora, com o que o exercício do direito de defesa não é no momento premente’.
O magistrado recomendou ainda que ‘eventuais novos requerimentos deverão ser dirigidos exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal’, Corte que detém competência para abrir investigação sobre políticos com foro privilegiado.
Na terça-feira (25), Sérgio Moro enviou ao Supremo documentos que podem indicar repasses ilícitos para Gleisi Hoffmann, ex-ministra da Casa Civil do Governo Dilma Rousseff. A senadora paranaense teria sido beneficiária de parte de valores que transitaram pelo ‘Fundo Consist’ – empresa envolvida em desvios de empréstimos consignados. O dinheiro teria sido usado para cobrir também despesas pessoais da petista.
Ao mandar ao STF as informações que citam Gleisi, o juiz acolheu pedido da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. “Havendo indícios de que autoridade com foro privilegiado seria beneficiária de pagamentos sem causa, é o caso de acolher o requerimento da autoridade policial e do Ministério Público Federal e remeter o feito para o Supremo Tribunal Federal”, decidiu Moro.
A petista já é alvo de investigação da Procuradoria-Geral da República pelo suposto recebimento de R$ 1 milhão do esquema Lava Jato na campanha de 2010.
A suspeita sobre a senadora surgiu a partir da análise de documentos apreendidos no escritório de advocacia Guilherme Gonçalves, estabelecido em Curitiba, base de Gleisi, no último dia 13 de agosto. Na ocasião, foi deflagrada a Operação Pixuleco II. “Na busca e apreensão realizada no escritório de Guilherme Gonçalves foram colhidos documentos que indicam que os valores recebidos da Consist Software teriam sido em parte utilizados para efetuar pagamentos em favor da senadora Gleisi Hoffmann”, apontou o juiz Sérgio Moro no despacho ao Supremo Tribunal Federal.
São três autos em que a petista teria sido citada. “Há necessidade de conhecimento do conteúdo desses três autos com celeridade, para que se garanta, com efetividade, a ampla e plena defesa”, argumenta a advogada da petista, Verônica Abdalla Sterman.
Verônica requereu ‘seja franqueado o acesso aos elementos de prova e manifestações da autoridade policial e Ministério Público Federal já documentados nos autos, independente de sua remessa ao Supremo Tribunal Federal’. (Danielle Cabral Távora)