Fogo amigo – Que o peemedebista Michel Temer, vice-presidente da República, vem conspirando nos bastidores contra a petista Dilma Rousseff todos sabem, o que faz com seu discurso supostamente conciliador tenha índice zero de convencimento.
Dilma errou ao aceitar a tese de que era preciso colocar Temer em processo de “fritura política”, operação que teve no comando o petista Aloizio Mercadante, o irrevogável, chefe da Casa Civil. Experiente como político e especialista em articulações de bastidores, Michel Temer não demorou a criar zona de conflitos para colocar a presidente em situação de dificuldade. O que explica o viés beligerante de suas recentes declarações.
Da necessidade de alguém capaz de reunificar o País à baixa popularidade de Dilma, passando pelo “remédio amargo” que representa o aumento de impostos, Michel não tem poupado a petista de sua peçonha política, que nos últimos tempos foi reforçada pela crescente possibilidade de o peemedebista chegar ao comando do governo central. Afinal, Temer vive em relação a Dilma Rousseff um momento semelhante ao de Itamar Franco no âmbito do calvário enfrentado por Collor.
Enquanto se agarra ao discurso dissimulado para desviar a atenção dos palacianos, que continuam preocupados com suas movimentações nas coxias do poder, Michel temer não perde qualquer oportunidade de fragilizar Dilma. Isso porque um eventual impedimento da presidente lhe proporcionaria a possibilidade de assumir a Presidência da República, algo que vem sendo costurado com partidos da oposição, começando pelo PSDB.
Para que fique clara a disposição de Michel de conspirar contra Dilma, no último dia 30 de agosto, o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), viajou de Porto Alegre para São Paulo com o objetivo de almoçar com o vice-presidente. Considerando o fato de que Nardes é o relator do processo das “pedaladas fiscais” no TCU, a conversa entre o ministro e Michel Temer por certo não foi para encontrar uma saída milagrosa para a grave e múltipla crise que mantém o Brasil de ponta-cabeça.
O prazo final para Dilma Rousseff explicar as inexplicáveis “pedaladas fiscais” termina na próxima sexta-feira (11), depois que o TCU aceitou pedido do governo de mais tempo para apresentar as justificativas. Dilma sabe que o assunto não tem solução, por isso procura desesperadamente uma equação para estancar a crise no curto prazo, algo considerado impossível até mesmo por “companheiros” e assessores palacianos.
Como se não bastasse esse cenário desfavorável ao governo, Dilma é “persona non grata” nos corredores do TCU. Segundo apurou o editor do UCHO.INFO, muitos ministros da Corte de contas querem a qualquer peco a cabeça da presidente. Situação idêntica foi detectada na Câmara dos Deputados, onde caciques da Casa legislativa pensam da mesma forma que alguns ministros do TCU.
