Hungria prende refugiados após nova lei; ilegais são considerados criminosos

refugiado_39Jogo sujo – Na terça-feira (15), as forças de segurança húngaras prenderam cerca de 60 refugiados após entrar em vigor a nova legislação, que impõe penas de prisão a quem cruzar a fronteira ilegalmente. “A polícia abriu um processo criminal contra eles”, afirmou Gyorgy Bakondi, um porta-voz do governo em uma coletiva de imprensa em Szeged.

De acordo com a televisão pública húngara M1, os detidos foram capturados quando cortavam a cerca erguida na fronteira para entrar no país, considerado um agravante para a qual foram estabelecidos 5 anos de prisão.

A Hungria fechou na segunda-feira (14) sua fronteira aos refugiados e só dará prosseguimento aos pedidos de asilo de cidadãos vindos de zonas de conflito, com documentação nos pontos de entrada oficiais. A partir desta terça é aplicada uma legislação que estabelece penas de 3 anos de prisão para quem entrar de forma ilegal no país.

O M1 consultou juristas que afirmaram que as primeiras sentenças serão só condicionais e ajudarão a expulsar os detidos da Hungria e, caso a mesma pessoa seja detida novamente tentando entrar no território de forma ilegal, será presa imediatamente.

Até o fechamento do espaço da fronteira em Roszke, de forma inesperada durante a tarde de segunda-feira, a polícia local havia registrado a chegada ao país de mais de 9.380 pessoas, o maior número em um só dia.

Forças de segurança solicitaram aos jornalistas e cidadãos que “não criem obstáculos” ao trabalho na fronteira e advertiram que atuarão com contundência para aplicar as leis que entraram em vigor.

Na terça-feira foram estabelecidos procedimentos acelerados de asilo que determinarão em poucos dias se as solicitações serão aceitadas. Os refugiados que não conseguirem esse status serão devolvidos à Sérvia.

Recentemente, o governo húngaro construiu uma cerca de 175 quilômetros em sua fronteira meridional com a Sérvia para conter a chegada de refugiados e colocou 900 policiais e 4,3 mil militares na região.

Só em 2015, as autoridades da Hungria registraram mais de 180 mil refugiados que entraram no país de forma ilegal, embora a maioria tenha seguido caminho para Alemanha, Holanda e nações escandinavas.
O tratamento recebido pelos refugiados foi duramente criticado por organizações como Human Rights Watch, que asseguraram que as condições nos centros de amparo são “desumanas”. (Danielle Cabral Távora)

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