Empresário afirma que Valcke avisou com antecedência que o Catar receberia a Copa em 2022

jerome_valcke_05Organização criminosa – O empresário Benny Alon, dono da JB Marketing, empresa envolvida no escândalo da venda de ingressos para a Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, juntamente com o ex-secretário geral da FIFA, Jérôme Valcke, revelou que ficou sabendo, com oito meses de antecedência, da escolha do Catar para sediar a Copa de 2022. O israelense afirma que foi avisado por Valcke que o país árabe ganharia a corrida para organizar o evento.

A decisão foi anunciada em dezembro de 2010, mas, em 29 de abril do mesmo ano, Alon viajou até Zurique para um almoço com o cartola e fechar um acordo sobre a venda de ingressos de pelo menos quatro Mundiais. Isso valeria de 2010 a 2022. Mas a transação teve uma condição: a empresa teria o direito em 2022 se o Mundial ocorresse nos EUA.

Porém, Alon se surpreendeu quando deixou o encontro e foi avisado por Valcke. “Ele me disse: você negociou bem. Mas vocês não terão ingressos para 2022. Esse Mundial ocorrerá no Catar”, disse. Segundo o empresário, Valcke teria dito que o Catar “deu tanto dinheiro que não se poderia negar-lhes o Mundial”.

O empresário israelense teria respondido que os americanos estariam prometendo vender todos os ingressos para todos os jogos se o Mundial fosse nos EUA, em 2022. “Mas o Emir do Catar escreveria um cheque pagando por todos os ingressos”, teria respondido Valcke.

Em setembro de 2010, Valcke repetiria o alerta, à mesa de um restaurante. “Sabíamos o que estava nos envelopes”, disse Alon. “Isso não é uma brincadeira”, completou.

O empresário também acusou o diretor-gerente da empresa ISE, Haruyuki Takahashi, de ter solicitado a ele 2 milhões de euros para dar “um presente” para Joseph Blatter, presidente da FIFA.

Antes de trabalhar para a JB, Alon era gerente da ISE. “Eu questionei Takahashi pelo motivo e ele apenas me disse que teria de dar diante de uma visita do suíço para o Japão”, contou Alon, que se recusou a entregar o dinheiro. Em meados de 2005, Blatter de fato viajou até o Japão e anunciou que a Sony seria a nova parceira da FIFA.

Jérôme Valcke

Depois de ser acusado de ter operado um sistema de venda de ingressos para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, o francês Jérôme Valcke deixou o cargo de secretário-geral da FIFA na quinta-feira (17).

Ele passou a ser investigado pelo Comitê de Ética a pedido da própria FIFA. Sua saída foi anunciada em comunicado oficial, com “fins imediatos”, pela entidade. “Valcke foi liberado das suas obrigações”, afirmou a entidade máxima do futebol.

O ex-secretário é acusado de ter fechado acordos para ficar com 50% dos lucros da venda de ingressos para a Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil. O esquema que revela um “mercado negro” de ingressos operando dentro da própria FIFA.

As acusações foram apresentadas, na quinta-feira, por Benny Alon, empresário israelense e americano que desde 1990 trabalha com a venda de entradas para os Mundiais. (Danielle Cabral Távora)

apoio_04