Alegando necessidade de responsabilidade fiscal, Calheiros tenta derrubar sessão sobre vetos

renan_calheiros_33Missa encomendada – Nesta terça-feira (22), o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), assumiu a articulação para derrubar a sessão do Congresso Nacional agendada para as 19 horas com o objetivo de apreciar vetos presidenciais, que, se derrubados, podem ter impacto bilionário no Orçamento da União.

A decisão oficial sobre o adiamento da sessão será anunciada depois de uma reunião do peemedebista com líderes partidários. Antes do encontro, Calheiros defendeu abertamente o adiamento da sessão, alegando que os parlamentares não devem “potencializar” a crise política e econômica.

“Chegou a hora de fazermos um apelo pela responsabilidade fiscal. Por causa desse risco enorme da desarrumação fiscal e da potencialização da crise não reunimos o Congresso Nacional há seis meses. Se for necessário, passaremos mais tempo cedendo a um apelo à responsabilidade fiscal”, ressaltou o senador.

Enquanto isso, nos bastidores, o governo trabalha para derrubar a sessão, seja adiando-a por acordo seja derrubando o quórum para qualquer deliberação.

Está agendada para a noite desta terça a sessão em que deputados e senadores vão discutir se mantêm ou não a decisão do Poder Executivo de barrar o reajuste salarial de até 78,5% a servidores do Judiciário e de derrubar outros temas que comprometem o caixa governamental, como o que flexibiliza o fator previdenciário.

Ambos os temas causam pânico no Palácio do Planalto, que tenta conter o descrédito dos investidores e segurar a escalada do dólar, que nesta terça já ultrapassa, pela primeira vez na história do Real, os R$ 4,00.

A possível derrubada de vetos presidenciais foi um dos principais temas discutidos na reunião semanal de coordenação política na segunda-feira passada entre Dilma e seus ministros mais próximos. O clima entre as cúpulas da Câmara, do Senado e do governo é o de que a votação de pautas bombas pode agravar ainda mais a situação do País.

“Queremos ajudar e a maior sinalização que o Congresso pode dar hoje é a de que não quer que o Brasil aumente o seu risco. E realizar a sessão do Congresso Nacional é potencializar o risco do Brasil. Mais do que nunca é preciso fazer um apelo à responsabilidade fiscal. Não podemos aumentar o risco do Brasil e o Congresso fará o que for possível para que não agravemos essa situação”, declarou Renan Calheiros.

Pela manhã, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, também defendeu que não seja realizada a sessão do Congresso. “[Derrubar] o veto vai ser ruim. Do ponto de vista pragmático, acho melhor não correr esse risco [de realizar a sessão] e adiar porque, se o governo perder, essa sinalização para o mercado vai ser horrorosa”, declarou. “A situação já tem uma instabilidade e você não deverá correr muitos riscos. Para não correr riscos, o ideal é que ele [Calheiros] adie”, finalizou.

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