CPI da Petrobras: ex-gerente da estatal deve detalhar negócios superfaturados e corrupção

venina_fonseca_01Soltando a voz – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras ouve em depoimento, nesta terça-feira (22), Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente da área de Abastecimento da estatal que foi alvo do maior esquema de corrupção da história, o Petrolão, instalado com a anuência explícita do Palácio do Planalto. Venina afirmou à Polícia Federal, no âmbito da Operação Lava-Jato, ter sido afastada do cargo depois de denunciar superfaturamentos em obras da Petrobras. A reunião da CPI está marcada para as 14 horas, no Plenário 4.

Entre outras irregularidades, Venina da Fonseca levantou suspeitas sobre a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O custo do empreendimento, estimado inicialmente em R$ 2,5 bilhões de dólares antes da obra, chegou a mais de R$ 18 bilhões, mas ao término da obra a conta terá alcançado mais de R$ 40 bilhões.

A CPI também pretendia ouvir na terça os depoimentos de dois empresários do setor petroquímico, os irmãos David e Daniel Feffer. Eles são ex-controladores da empresa Suzano Petroquímica, comprada pela Petrobras em 2007, e foram convocados pelo colegiado para explicar o negócio. Porém, eles pediram à CPI o adiamento do depoimento por motivos religiosos. Nesta terça-feira, os judeus comemorar o Yon Kipur, o Dia do Perdão.

Valores absurdos

Segundo investigações da Operação Lava Jato, a petroquímica Suzano foi adquirida por duas vezes o valor de mercado da empresa à época da negociação. Em depoimento à CPI da Petrobras, o empresário Auro Gorentzvaig, ex-sócio de outra petroquímica, a Triunfo, disse que a operação foi feita para beneficiar a Odebrecht, dona da Braskem, para a qual a Petrobras repassou suas ações de empresas do setor.

Também em depoimento à CPI da Petrobras, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que as aquisições de empresas eram definidas pelo então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli de Azevedo. Ele deu essa informação há duas semanas, ao responder a uma pergunta do deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), autor do requerimento de convocação de Davi e Daniel Feffer. Diante disso, Altineu Côrtes pediu uma acareação entre Gabrielli e David Feffer, que ainda precisa ser aprovada pela CPI.

A CPI tentou remarcar os depoimentos de David e Daniel Feffer para a próxima semana, mas a nova data iria coincidir com outra data comemorativa judaica, o Sucót, que celebra o êxodo dos judeus no Egito. Com isso, o depoimento dos empresários deve ser remarcado para outubro.

A grande questão que recobre a venda da Suzano Petroquímica é saber quem do governo ou do PT auxiliou para que o valor da transação alcançasse patamar estratosférico. É verdade que o setor petroquímico tem participação preponderante na economia, mas não se pode aceitar um negócio desse naipe envolvendo a Petrobras, empresa que pertence ao povo brasileiro. No momento em que for desvendado esse enigma, por certo algum preso na Lava-Jato passará mais uma temporada atrás das grades, até porque a pena será ampliada.

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