Esquizofrenia: transtorno mental exige tratamento contínuo e é uma das maiores causas de suicídio

esquizofrenia_01Atenção redobrada – A esquizofrenia é um transtorno mental complexo que dificulta na distinção entre as experiências reais e imaginárias. Ela interfere no pensamento lógico, nas respostas emocionais normais e comportamento esperado em situações sociais.

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a esquizofrenia não é um distúrbio de múltiplas personalidades, e sim uma doença crônica, complexa e que exige tratamento por toda a vida.

As causas exatas da esquizofrenia ainda são desconhecidas, mas os médicos acreditam que uma combinação de fatores genéticos e ambientais possa estar envolvida no desenvolvimento deste distúrbio.

Os problemas com certas substâncias químicas do cérebro, incluindo neurotransmissores como a dopamina e o glutamato, também parecem estar envolvidos nas causas da esquizofrenia.

Estudos recentes de neuroimagem mostram diferenças na estrutura do cérebro e do sistema nervoso central das pessoas com esquizofrenia em comparação aos de pessoas saudáveis. Embora os pesquisadores não estejam totalmente certos sobre o que significam todos esses fatores, estes são indícios de que a esquizofrenia é, de fato, uma doença cerebral.

Apesar de as causas da esquizofrenia ainda serem desconhecidas, sabe-se de alguns fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da doença. São eles:

• História familiar de esquizofrenia

• Ser exposto a toxinas, vírus e à má nutrição dentro do útero da mãe, especialmente nos dois primeiros trimestres da gestação

• Doenças autoimunes

• Ter um pai com idade mais avançada

• Fazer uso de medicamentos psicotrópicos durante a adolescência e o início da vida adulta

• Tabagismo

Os sintomas de esquizofrenia no sexo masculino costumam aparecer entre os 20 e 25 anos. Já em mulheres, os sinais da doença são mais comuns beirando os 30 anos de idade. É raro encontrar casos de esquizofrenia em crianças ou adultos acima dos 45 anos.

Esquizofrenia envolve uma série de problemas tanto cognitivos quanto comportamentais e emocionais. Os sintomas costumam variar e entre eles estão inclusos:

Delírios – Estes são crenças em fatos irreais que não possuem base alguma na realidade. Uma pessoa com esquizofrenia pode achar, por exemplo, que está sendo prejudicada de alguma forma ou até mesmo assediada. Ela pode acreditar, também, que certos gestos ou comentários são direcionados a ela, que ela tem alguma capacidade ou talento excepcional ou até mesmo fama. Pode achar, também, que determinada pessoa está apaixonada por ela e que uma grande catástrofe está prestes a ocorrer. Alguns delírios incluem ideias de que algumas partes do corpo não estão em pleno funcionamento e têm uma incidência de quatro em cinco pessoas com esquizofrenia.

Alucinações – Estas, em termos gerais, envolvem ver ou ouvir coisas que não existem. No entanto, para a pessoa com esquizofrenia, essas coisas têm toda a força e o impacto de uma experiência normal. As alucinações podem estar em qualquer um dos sentidos, mas ouvir vozes é a alucinação mais comum de todas.

Pensamento desorganizado – Esse sintoma pode ser refletido na fala, que também sai desorganizada e com pouco ou nenhum nexo. A ideia de que pensamento desorganizado é um sintoma da esquizofrenia surgiu a partir do discurso desorganizado de alguns pacientes. Para os médicos, os problemas na fala só podem estar relacionadas à incapacidade de a pessoa formar uma linha de pensamento coerente. Neste sentido, a comunicação eficaz de uma pessoa portadora de esquizofrenia pode ser prejudicada por causa deste problema, e as respostas às perguntas feitas podem ser parcial ou completamente alheias e desconexas.

Habilidade motora desorganizada ou anormal – O comportamento de uma pessoa com esse tipo de disfunção não é focado em um objetivo, o que torna difícil para ela executar tarefas. Comportamento motor anormal pode incluir resistência a instruções, postura inadequada e bizarra ou uma série de movimentos inúteis e excessivos.

Além dos sinais citados, outros parecem estar relacionados com a esquizofrenia. Uma pessoa com a doença pode:

• Não aparentar emoções;

• Não fazes contato visual;

• Não alterar as expressões faciais;

• Ter fala monótona e sem adição de quaisquer movimentos que normalmente dão ênfase emocional ao discurso.

Além disso, a pessoa pode ter reduzida sua capacidade de planejar ou realizar atividades, tais como:

• Diminuição da fala;

• Negligência na higiene pessoal;

• Perda de interesse em atividades cotidianas;

• Isolamento social;

• Sensação de incapacidade de conseguir sentir prazer.

Pessoas com esquizofrenia muitas vezes não têm consciência de que suas dificuldades resultam de uma doença que requer atenção médica. Por isso, muitas vezes algum parente ou amigo próximo deve ser responsável por levar a pessoa doente a um especialista.

Se você está acompanhando uma pessoa com suspeita de esquizofrenia, procure agilizar o andamento da consulta e leve anotados todos os sintomas observados na pessoa. Tire suas dúvidas sobre sinais, possíveis diagnósticos e o que fazer para ajudar na recuperação.

Responda também às perguntas que o médico poderá fazer, como:

• Quando os sintomas começaram?

• Os sintomas são frequentes ou ocasionais?

• Há indícios de que ele ou ela queira cometer suicídio?

• Ele ou ela foi diagnosticado com outro problema médico recentemente?

• Quais medicamentos ele ou ela faz uso?

Não há exames médicos disponíveis capazes de diagnosticar a esquizofrenia. Para que o paciente seja diagnosticado com esquizofrenia, um psiquiatra deve examinar o paciente para confirmar se é um caso da doença ou não. O diagnóstico é feito com base em uma entrevista minuciosa com a pessoa e seus familiares.

Exames cerebrais (como tomografias ou ressonâncias magnéticas) e exames de sangue podem ajudar a descartar outras doenças com sintomas semelhantes à esquizofrenia, mas não são capazes de determinar se ela é a causa dos sintomas.

Esquizofrenia requer tratamento durante toda a vida, mesmo após o desaparecimento de sintomas. O tratamento com medicamentos e terapia psicossocial pode ajudar a controlar a doença. Durante os períodos de crise ou tempos de agravamento dos sintomas, a hospitalização pode ser necessária para garantir a segurança, alimentação adequada, sono adequado e higiene básica do paciente.

Um psiquiatra com experiência no tratamento da esquizofrenia geralmente é quem orienta como o tratamento se dará. Psicólogo, assistente social e enfermeiro psiquiátrico também podem fazer parte da equipe médica que cuida de uma pessoa com esquizofrenia.

Os medicamentos são a base para o tratamento da esquizofrenia. No entanto, esses remédios podem causar efeitos colaterais graves, embora sejam raros. As pessoas com esquizofrenia, no entanto, podem ser relutantes em tomá-los.

Medicamentos antipsicóticos – São os medicamentos mais comumente prescritos para o tratamento da esquizofrenia. Eles são usados para controlar os sintomas, agindo diretamente sobre a produção de dopamina e serotonina no cérebro.

A escolha do medicamento ministrado ao paciente dependerá, também, da vontade do paciente em cooperar com o tratamento. Alguém que seja resistente a tomar a medicação, por exemplo, pode precisar de injeções, em vez de tomar um comprimido.

Clozapina – Quando a esquizofrenia não apresenta melhora com o uso de diversos antipsicóticos, o medicamento clozapina pode ser de grande ajuda. A clozapina é o medicamento mais eficaz na redução dos sintomas da esquizofrenia, mas também tende a causar mais efeitos colaterais do que outros antipsicóticos.

A terapia de apoio pode ser útil para muitas pessoas com esquizofrenia. Técnicas comportamentais, como o treinamento de habilidades sociais, podem ser usadas para melhorar as atividades sociais e profissionais. Aulas de treinamento profissional e construção de relacionamentos são importantes.

Os familiares de uma pessoa com esquizofrenia devem ser informados sobre a doença e receber apoio. Os programas que destacam os serviços de apoio social para pessoas necessitadas podem ajudar aqueles que não recebem apoio da família ou de conhecidos.

Os familiares e cuidadores são frequentemente incentivados a ajudar as pessoas com esquizofrenia a continuar seguindo o tratamento.

É importante que a pessoa com esquizofrenia aprenda a:

• Tomar os medicamentos corretamente e lidar com os efeitos colaterais;

• Reconhecer os sinais iniciais de uma recaída e saber como reagir se os sintomas retornarem.

Lidar com os sintomas que se manifestam mesmo com o uso de medicamentos. Um terapeuta pode ajudar a:

• Administrar dinheiro;

• Usar o transporte público.

Se não for tratada, a esquizofrenia pode resultar em problemas emocionais, comportamentais e de saúde graves, assim como problemas jurídicos e financeiros que afetam quase que totalmente a vida da pessoa. Complicações que a esquizofrenia pode causar incluem:

• Suicídio;

• Qualquer tipo de autolesão;

• Ansiedade e fobias;

• Depressão;

• Consumo excessivo de álcool e abuso de drogas ou medicamentos de prescrição;

• Perda de dinheiro;

• Conflitos familiares;

• Improdutividade no trabalho e nos estudos;

• Isolamento social;

• Outros problemas de saúde, incluindo aqueles associados com medicamentos antipsicóticos e tabagismo;

• Ser vítima de comportamento agressivo;

• Agressividade.

Os resultados para uma pessoa com esquizofrenia são muito difíceis de prever. Na maior parte do tempo, os sintomas melhoram com medicamento. Entretanto, outras pessoas podem apresentar dificuldade funcional e correm o risco de apresentar episódios repetidos, principalmente durante os estágios iniciais da doença.

As pessoas com esquizofrenia podem precisar de moradia assistida, treinamento profissional e outros programas de apoio social. Pessoas com as formas mais graves da doença podem ser incapazes de viver sozinhas. Podem ser necessárias casas coletivas ou outras moradias de longo prazo com a estrutura adequada.

Os sintomas retornarão se a pessoa com esquizofrenia não tomar sua medicação.

Não existe uma forma conhecida de prevenir a esquizofrenia. Após o diagnóstico, os sintomas podem ser prevenidos por meio do uso correto da medicação. O paciente deve tomar os medicamentos prescritos exatamente como o médico recomendou. Os sintomas retornarão caso a medicação seja interrompido.

É importante que o paciente sempre converse com o médico, principalmente se estiver pensando em mudar ou interromper o uso dos medicamentos. Fazer visitas regulares ao médico e ao terapeuta são medidas essenciais para se prevenir a recorrência dos sintomas. (Danielle Cabral Távora)

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