A crise provocada pelo fluxo de refugiados através da região está se transformando numa guerra comercial entre Croácia e Sérvia. Os dois países elevaram as restrições na fronteira em meio a acusações mútuas.
O governo croata divulgou, nesta quinta-feira, que proibirá a entrada de carros com placa sérvia no país. Em contrapartida, a Sérvia anunciou que irá impor um embargo a todas as cargas e mercadorias provenientes da Croácia.
O ministro croata do Interior, Ranko Ostojic, negou relatos de que a Croácia também proibiria a entrada de cidadãos sérvios no país. No entanto, a imprensa local reportou que alguns titulares de passaportes sérvios foram barrados na fronteira por “questões técnicas”.
O embargo sérvio sobre mercadorias croatas veio em resposta ao fechamento de sete das oito passagens de fronteira e da proibição da entrada de todos os caminhões – exceto aqueles que transportavam mercadorias perecíveis – na Croácia. As medidas visam pressionar Belgrado a redirecionar os refugiados em direção à Hungria e à Romênia.
A Croácia é uma importante porta de entrada para mercadorias da União Europeia (UE) na Sérvia. A medida croata afasta a Sérvia de muitos de seus principais parceiros de negócios na Europa. A decisão está custando cerca de 1 milhão de euros por dia para cada um dos países.
A Croácia está sobrecarregada com refugiados vindos do Oriente Médio e da África, que cruzam os Bálcãs em direção aos países mais ricos da UE. Aproximadamente 40 mil migrantes, principalmente sírios, entraram na Croácia desde a última terça-feira, depois de a Hungria ter erguido uma cerca ao longo da fronteira com a Sérvia. O governo croata acusa a Sérvia de transportar em ônibus até a Croácia refugiados que entraram no país a partir da Macedônia.
A crise migratória tem testado as relações entre Croácia, o mais novo membro da EU, e seu inimigo de longa data Sérvia, que apoiou os rebeldes sérvios durante a luta pela independência da Croácia na Guerra dos Bálcãs, no início da década de 90. Além disso, a atual crise colocou à prova as relações entre Croácia e Hungria, bem como a livre circulação de pessoas dentro da zona de Schengen.
Círculo vicioso
À medida que a crise migratória se transforma numa guerra comercial, os países dos Bálcãs têm emitido recriminações mútuas. Depois de uma cúpula da UE sobre a questão dos refugiados, o primeiro-ministro croata, Zoran Milanovic, disse que a Croácia não tem a intenção de abrir a fronteira, mas “agora temos de reagir a isso”.
“Não haverá nenhuma guerra ou violência, tudo vai ser calmo, mas este não é um comportamento normal [por parte da Sérvia]”, disse Milanovic.
Enquanto isso, o Ministério do Exterior da Sérvia comprou o comportamento da Croácia com o regime fantoche nazista instaurado durante a Segunda Guerra. “Em seu caráter discriminatório, [as restrições] só podem ser comparadas com as medidas tomadas no passado, durante a fascista Croácia independente”, disse o ministério em comunicado.
UE aprova medidas e apoio financeiro
A maior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra também vem testando os líderes da UE, que se reuniram para discutir medidas para reforçar o controle fronteiriço do bloco até as primeiras horas desta quinta-feira.
Depois de uma maratona de sete horas de reunião, o Conselho Europeu se comprometeu a “enfrentar a situação dramática nas nossas fronteiras externas e reforçar os controles nessas fronteiras”, aumentando o financiamento, a quantidade de pessoal e os equipamentos para agências e polícias de fronteira da UE.
A União Europeia também anunciou que mobilizará a quantia extra de um 1 bilhão de euros para refugiados sírios no Oriente Médio. (Com agências internacionais)