Bill Gates processa a Petrobras, mas pode tropeçar na Lava-Jato e matar de susto empresário do DF

bill_gates_04Taquicardia ianque – Por meio da fundação que leva seu nome e o da mulher, o bilionário Bill Gates ingressou com um processo contra a Petrobras com o intuito de recuperar o dinheiro perdido com ações da petroleira nacional, prejuízo decorrente do Petrolão, o maior escândalo de corrupção que se tem notícia e investigado pela Operação Lava-Jato.

Protocolada na noite de quinta-feira (24) na corte federal de Manhattan, em Nova York, a ação destaca que “o esquema de suborno e lavagem de dinheiro” causou à Fundação Bill & Melinda Gates e a outro autor, o WGI Emerging Markets Fund LLC, uma perda de dezenas de milhões de dólares, dinheiro investido na compra de ações da estatal brasileira.

“Na verdade, o escândalo ainda parece aumentar a cada dia – à medida que mais criminosos, mais prisões e mais contas bancárias secretas são descobertos”, enfatiza a inicial da ação.

A Petrobras enfrenta quantidade considerável de processos nos Estados Unidos, os quais alegam anos de corrupção, com direito a propinas que teriam elevado o valor de suas ações e títulos em mais de US$ 98 bilhões.

Criada em 2000 pela Microsoft Corp, a fundação tem como foco a melhoria da educação e da saúde e a redução da pobreza. Com sede em Seattle, a Fundação Gates é uma das maiores organizações de caridade do planeta, com doações beirando os US$ 42 bilhões.

A Fundação Gates está processando a Petrobras por conta própria, certa de que essa é a melhor maneira de recuperar o dinheiro gasto na compra de recibos de ações da Petrobras (ADRs) negociados nos Estados Unidos. A filial brasileira da PricewaterhouseCoopers (PwC), auditora da Petrobras, também é ré na ação.

No rastro do Petrolão, a estatal brasileira perdeu mais de 90% do seu valor, quase US$ 300 bilhões em 2009. Em abril passado, a Petrobras anunciou perdas de R$ 6,2 bilhões por conta dos escândalos de corrupção, cenário que obrigou a empresa a reduzir em mais de R$ 44 bilhões o valor dos seus ativos.

Brigar pelo prejuízo é um direito da Fundação, mas Bill Gates poderá se surpreender com os desdobramentos da Operação Lava-Jato, que investiga casos de corrupção em diversos setores do governo federal.

Um dos escândalos pode respingar na Microsoft, já que um representante brasileiro da gigante de informática teria concordado com um esquema de propina para fornecer softwares à Caixa Econômica Federal e ao Ministério da Saúde.

A situação pode piorar sobremaneira nos próximos dias, caso o ex-deputado federal André Vargas, preso e condenado na Lava-Jato, resolva contar o que sabe para eventualmente reduzir as penas que a Justiça começa a lhe impor.

Condenado apenas em um dos muitos escândalos dos quais participou, Vargas tem muito a revelar sobre esse negócio imundo envolvendo uma das suas empresas, a IT7, e os órgãos federais, onde gozava de prestígio e tinha portas abertas para negociatas.

No caso de esse capítulo do calvário de André Vargas prosperar, não será apenas Bill Gates que tomará um susto considerável, mas também um empresário de Brasília que, amedrontado com os desdobramentos da Lava-Jato, há muito não sai de casa.

De nome Alceu, o tal empresário mora em um luxuoso apartamento de cobertura no setor Noroeste da capital dos brasileiros, de onde sai somente para ir ao escritório que mantém no edifício Brasil 21, sempre a bordo de carros importados e caros e com a mulher na direção.

Em suma, resta saber quem terá o primeiro ataque cardíaco: Bill ou Alceu? No caso do empresário de Brasília, a Justiça pode alcançá-lo em breve. Em relação ao bilionário Bill Gates a situação ser mais complexa, pois na terra do Tio Sam prevalece o “Foreign Corrupt Practice Act” (FCPA), que não dá moleza aos envolvidos em casos de corrupção.

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