Nomofobia: vício no celular, será que você tem e não sabe?

nomofobia_01Doença da tecnologia – Simone de Beauvoir já dizia: “Seja qual for o país, capitalista ou socialista, o homem foi em todo o lado arrasado pela tecnologia, alienado do seu próprio trabalho, feito prisioneiro, forçado a um estado de estupidez”.

Quando falamos em vício logo pensamos em drogas, cigarro, álcool, etc. Quem um dia poderia imaginar que o fato de não poder estar todo o tempo conectado resultaria em um tipo de transtorno? Alguns podem responder que era óbvio, mas agora parece que é oficial. Uma nova fobia para se juntar à coleção das já existentes: a Nomofobia.

A Nomofobia é uma fobia ou sensação de angústia que surge quando alguém se sente impossibilitado de se comunicar ou se vê “incontatável” estando em algum lugar sem seu aparelho de celular. É um termo muito recente, que se origina do inglês: No-Mo, ou No-Mobile,que significa Sem Celular. Daí a expressão Nomofobia ou fobia de ficar sem um aparelho de comunicação móvel. Pelo jeito, a fobia causada pela perda de contato com o celular parece ser mais uma das contribuições do século XXI para o nosso stress cotidiano, como se já não bastasse. Entretanto, prefiro ir mais longe ampliando essa dependência para todo e qualquer tipo de tecnologia.

Um estudo realizado com cerca de mil pessoas no Reino Unido, país onde a palavra “nomofobia” surgiu em 2008, revelou que 66% dentre estes se diz “muito angustiado” com a ideia de perder seu celular. Em outra pesquisa, desta vez com jovens da Universidade de Maryland, nos EUA, constatou-se que a dependência de celulares, computadores e tudo que esteja relacionado à tecnologia pode ser considerada semelhante ao vício em drogas.

A pesquisa avaliou 1.000 alunos com idades entre 17 e 23 anos, em dez países, que ficaram durante 24 horas sem celulares, redes sociais, internet e TV. De acordo com a pesquisa, 79% dos estudantes avaliados apresentaram desde desconforto até confusão e isolamento com a restrição ao uso de eletrônicos. Outro sintoma relatado foi o de coceira, uma sensação parecida com a de dependentes de drogas que lutam contra o vício.

Alguns estudantes relataram, ainda, estresse simplesmente por não poder tocar no telefone. Pela primeira vez, vício na rede foi comparado com o abuso de outras coisas, como drogas e álcool.

O uso da tecnologia está interferindo com a vida cotidiana e a aprendizagem dos estudantes. É uma geração que aprende a se comunicar online desde cedo e tem acesso a diferentes meios de informação. O imediatismo da internet, a eficiência do iPhone e o anonimato das interações em chat tornaram-se ferramentas poderosas para a comunicação e até mesmos para os relacionamentos. Dessa forma, existe uma clara necessidade de integração eficiente das áreas de educação e tecnologia.

Estamos diante de um novo século, com novo formato de receber e transmitir informação. Sendo assim, o medo de ficar “incontatável” às vezes até prejudica a vida pessoal e profissional das pessoas. A dependência do celular, do computador, da Internet é crescente e apesar de serem vícios socialmente aceitos, são igualmente nocivos pois alteram o comportamento das pessoas.

Alguns especialistas acreditam que o uso excessivo das chamadas novas tecnologias tornam as pessoas mais impacientes, impulsivas e esquecidas. Realmente é indiscutível a polêmica que existe acerca dos problemas que resultam desse processo tecnológico.

Não é difícil encontrarmos pessoas que se comuniquem mais através das redes sociais do que pessoalmente e muitas vezes até preferem contatos virtuais. Porém, será mesmo imprescindível mesmo ficar conectado o dia todo? Alguns ficam angustiados quando não podem ser alcançados, mesmo que seja por SMS. Não se trata apenas de enviar e receber mensagens, mas sim sugere uma total transformação na maneira pela qual as pessoas se comunicam. Enquanto isso, outros atualizam incontáveis vezes, diariamente, o Facebook, Instagram ou Twitter, qualquer que seja a hora ou o lugar onde esteja. E assim, a exposição à tecnologia pode estar lentamente remodelando nossas vidas.

A conclusão é que estamos em uma sociedade na qual uma parte da população, se não estiver conectada pode desenvolver formas de ansiedade ou nervosismo. Segundo o escritor francês Phil Marso, que redigiu um livro inteiro utilizando apenas SMS, o uso constante dos smartphones e redes sociais gera uma grande vontade de estar sempre inteirado sobre tudo o que está acontecendo. O usuário acaba ficando nervoso e impaciente, podendo desenvolver problemas cardíacos.

Vale ressaltar que o celular é um instrumento facilitador e o problema não está com ele e sim com o mau uso que deste podemos fazer. Além disso, a Internet é um meio de comunicação fascinante. É importante utilizá-la de maneira saudável, para promover o aprendizado, estabelecer boas relações e se comunicar. É fundamental manter um limite, afinal você é quem deve manter total controle sobre sua vida e não um determinado site ou aplicativo que vai determinar o seu comportamento.

E você está sempre conectado onde quer que esteja? Qual a sensação ao perceber que esqueceu o celular ou smartphone em algum lugar e que corre o risco de ficar desconectado por algum tempo? Nesse caso, a primeira pergunta a ser feita é: o uso da internet está interferindo em outras áreas da vida? Os afazeres pessoais e profissionais ficam em segundo plano para ficar online mais tempo? Frequentemente o sono não é priorizado a fim de ficar conectado até altas horas da madrugada?

Enfim, para podermos caracterizar uma dependência de celular ou de qualquer outra tecnologia é preciso que o usuário tenha algum tipo de sofrimento direto ou indireto relacionado a algum destes, além de também sentir grande dificuldade em livrar-se desse hábito. Se por um lado a modernidade interliga pessoas a quilômetros de distância, também pode levar ao isolamento do mundo do “ponto com, ponto br”. Se isso estiver acontecendo, o importante é procurar a ajuda profissional. (Danielle Cabral Távora)

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