Cristovam Buarque critica duramente o PDT, relembra Brizola e ataca o governo Dilma

cristovam_buarque_20Tiro ao alvo – O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) está em acelerada rota acelerada de colisão com o seu partido e, nesta sexta-feira (2), poucas horas antes do anúncio da reforma ministerial, elevou o tom das críticas à legenda.

“Esse ministério será recebido, como se diz, de porteira fechada, especialmente, a menina dos olhos de quem quer nomear gente e ter dinheiro na mão, que é o Correio, que faz parte do Ministério, com mais de cem mil trabalhadores, com alguns bilhões de receita”, disse.

Cristovam lembrou que o PDT da Câmara, faz um mês, rompeu com o governo – “pelo que eu li, por unanimidade” e que agora estes, unanimemente, vão indicar um nome. “Isso chama-se negociata. Não é negociata em que se põe dinheiro necessariamente, não vou chamar isso de um mensalão, mas é uma forma de negociata em troca de votos dentro do Congresso”, destacou Buarque.

O senador criticou ainda o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que, depois da morte de Brizola, foi capaz de “manter o PDT vivo, ativo, vibrante, participante da vida nacional…”, mas que deixou de ser uma alternativa de projeto para o País.

“Mas essa homenagem que presto ao Lupi daquele tempo, eu lamento não poder prestar hoje, diante da maneira como o PDT está-se transformando, dia após dia, em um partido que não representa um projeto alternativo para o Brasil”, afirmou o senador do DF.

De acordo com Cristovam Buarque, o PDT aparece na opinião pública como um partido em busca apenas de cargos, que toma decisões sem fazer um congresso para debater de forma aberta, transparente, a entrada outra vez no governo da presidente Dilma Rousseff.

“Agora, isso não seria mal se fosse com um governo em que nós víssemos uma proposta alternativa para o Brasil neste momento. Falo do momento em que o Brasil precisa de uma mudança de rumo e que Brizola tanto nos liderou defendendo isso”.

Para o senador, ao invés de optar por uma proposta de Brasil, o PDT vale-se da reforma para entrar em um governo que conviveu com as ações de corrupção e com desestabilidade econômica. “E a gente vai entrar neste governo? Um governo que quebrou a estabilidade monetária conquistada a duras penas pelo Brasil, depois de um histórico de inflação que caracterizava a nossa vida nacional.”

Na crítica direta a Dilma, o parlamentar disse que o governo está trazendo de volta o mais temido fantasma da economia. “E a inflação, ninguém acreditava que a gente ia vencer a inflação, vencemos. E a presidente, este Governo, traz a inflação de volta, e nós vamos entrar nele.”

Em tom ainda mais duro, Cristovam acusou o governo de jogar o Brasil na recessão, no desemprego, na inflação e destruir a Petrobras. “Um governo exaurido, que destruiu, pelo menos pelos próximos vinte anos, a Petrobras, uma instituição, inclusive, criada durante o governo de Getúlio Vargas. Destruir a Petrobras, como está destruída… E vai se recuperar, vai levar 20, 30 anos.”

O senador criticou também as mudanças de nomes e os cortes de verba no Ministério da Educação, o que desmoraliza a pasta e o programa “Pátria Educadora”. Para o senador, Dilma zomba do País cada vez que fala em “Pátria Educadora”.

“Um governo – que toda vez que aparece a presidente ou qualquer coisa do governo, o lema Pátria Educadora – ela está zombando de nós. Pátria educadora que muda o ministro da Educação a cada cinco meses. Pátria educadora que corta verbas da educação. Pátria educadora que praticamente acaba até com os programas que criou, como o Pronatec, como o Ciência sem Fronteiras.”

Segundo o senador, a reforma ministerial é inócua, na medida em que não enxerga na nova configuração ministerial incapacidade de resolver problemas como inflação, desemprego, recessão, falta de credibilidade. O risco é de aumentar a crise. “Esse ministério vai agravar a crise. Pode até impedir o impeachment, como através do mensalão se impediria também; mas melhorar o Brasil, parar a crise, não vai”, enfatizou.

O senador garantiu que se Leonel Brizola (fundador do PDT) estivesse vivo, ele impediria o ingresso do partido no Governo.

“Se Brizola estivesse vivo, se fosse presidente do PDT hoje, impediria o PDT de fazer esse papel, esse papelão de entrar em um Governo que se exaure: Fazendo parte dessa artimanha de composição de ministérios para atender o PMDB e dar um tiquinho ao PDT? Sem um projeto novo, sem uma alternativa, sem uma visão do que é um governo que construa um País”, finalizou.

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