Comitê de Ética da FIFA investiga Ricardo Teixeira, Beckenbauer e mais nove cartolas; Alemanha reage

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O presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Wolfgang Niersbach, afirmou, na última segunda-feira (19), que a entidade não está envolvida em suposto esquema de compra de votos da FIFA para que a Alemanha fosse sede da Copa do Mundo de 2006.

A existência de um caixa 2 no valor de de 10,3 milhões de francos suíços foi revelada na última sexta-feira (16) pela revista Der Spiegel. De acordo com a reportagem de capa, intitulada “Conto de fadas de verão destruído”, o comitê responsável pela candidatura alemã subornou membros asiáticos do comitê executivo da FIFA. A eleição realizada em 2000 terminou com 12 votos para a Alemanha, 11 para a África do Sul e uma abstenção.

Segundo a revista, Wolfgang Niersbach e outros funcionários do alto escalão do futebol alemão sabiam do esquema, que movimentou 6,7 milhões de euros.

“O conto de fadas de verão não está destruído, porque eu novamente digo: não houve nenhum caixa 2 nem compra de votos”, afirmou o presidente da DFB a jornalistas em coletiva de imprensa em Dortmund, assinalando que é preciso esclarecer que fim teve a transferência milionária.

Na última sexta-feira, a DFB reconheceu em nota a existência do pagamento de 6,7 milhões de euros para a FIFA em abril de 2005 e que o dinheiro possivelmente não teve o fim a que se destinava. A federação alemã negou, porém, que o dinheiro tivesse alguma relação com a escolha da sede da Copa de 2006, cinco anos antes.

O advogado da DFB, Christian Schertz, afirmou que a reportagem da “Der Spiegel” não traz provas e ameaçou pedir indenização à revista.

No último domingo (18), o ex-presidente do comitê organizador da Copa do Mundo de 2006, Franz Beckenbauer, também rejeitou as acusações da revista.

“Não enviei dinheiro a ninguém para que a Alemanha conseguisse votos para sediar a Copa do Mundo de 2006”, afirmou o ex-craque alemão. “E tenho certeza de que nenhum membro do comitê de candidatura fez isso.”

O Ministério Público alemão em Frankfurt informou que, diante das acusações, está sendo analisado se há uma suspeita que justifique investigação criminal. “Estamos apenas no início, não iniciamos qualquer investigação. Isso irá acontecer se a suspeita inicial for confirmada”, declarou a procuradora Nadja Niesen.

Operação pente fino

O Comitê de Ética da FIFA informou nesta quarta-feira (21) que o brasileiro Ricardo terra Teixeira, ex-presidente da CBF, e Franz Beckenbauer estão na lista de investigados pela entidade. Ambos, de acordo com o comunicado, teriam violado o código de ética da FIFA.

Atingida por uma enxurrada de denúncias de corrupção, a FIFA decidiu investigar vários cartolas ao redor do planeta, os quais integram o “núcleo duro” da entidade máxima do futebol. São eles: Ángel María Villar Llona (presidente da Federação Espanhola de Futebol e mandatário em exercício da UEFA), Worawi Makudi (secretário-geral da Associação de Futebol da Tailândia), Jeffrey Webb (ex-presidente da Concacaf), Amos Adamu (ex-membro do Comitê Executivo da FIFA), Eugenio Figueredo (ex-presidente da Conmebol) e Nicolás Leoz (ex-presidente da Conmebol).

O Comitê de Ética da FIFA confirmou que há também processos em curso contra o suíço Joseph Sepp Blatter, ainda presidente da entidade, e o francês Michel Platini, presidente da UEFA. Blatter é acusado de pagar, em fevereiro de 2011, 2 milhões de francos suíços (R$ 8,3 milhões) ao ex-jogador francês em fevereiro em 2011.

Afastado das funções de secretário-geral da FIFA por acusação de envolvimento em esquema de venda de ingressos na Copa de 2014, Jérôme Valcke também é alvo da investigação. De acordo com o Comitê de Ética, os casos de Villar Llona e Beckenbauer estão em estágio mais avançado, sendo que a Câmara de Decisão, que já recebeu os referidos processos, deve se pronunciar em breve acerca das investigações.

O Comitê de Ética tem o prazo de 90 dias, a partir de 8 de outubro, para concluir o caso de Blatter, Platini e também de Valcke.
Com exceção dos processos contra o trio (Blatter, Platini e Valcke), os demais eram tratados em segredo pela FIFA, pois têm relação com a suspeita que paira sobre a escolha da Rússia e do Catar como sedes das Copas das 2018 e 2022, respectivamente.

A divulgação de casos em andamento foi uma novidade aprovada nesta semana pelo Comitê Executivo da FIFA, que planeja dar mais transparência à entidade futebolística.

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