Volkswagen estuda reparação por colaborar com a ditadura militar no Brasil

ditadura_militar_1001

O Grupo Volkswagen quer assumir a responsabilidade por possível colaboração com a ditadura militar no Brasil. “Trata-se de lidar com a injustiça que aconteceu naquela época”, disse Manfred Grieger, diretor do departamento de Comunicação Histórica do conglomerado, à agência de notícias alemã DPA nesta segunda-feira (2).

Grieger participou de encontro na sede do Ministério Público Federal (MPF) no último dia 14 de outubro. De acordo com reportagem do jornal “O Estado de São Paulo”, publicada no domingo (1º), o dirigente da Volkswagen afirmou por e-mail que a montadora alemã busca um acordo com o MPF, o qual baseia sua ação em investigações conduzidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Grieger diz que o encontro foi o início de uma discussão sobre um acordo. “Uma ideia é talvez desenvolver um conceito de memorial em conjunto com outras instituições brasileiras, como sindicatos, e colocá-lo em prática”, declarou ao Estadão.

Em setembro deste ano, uma série de sindicatos e a CNV entraram no MPF com um pedido de abertura de inquérito civil contra a Volkswagen, sob a acusação de violação dos direitos humanos dentro de suas fábricas em São Bernardo do Campo, no Grande ABC, entre 1964 e 1985.

Com base em documentos e relatos colhidos pela CNV, a ação judicial afirma que 12 ex-funcionários foram presos e torturados dentre das dependências da Volks na cidade paulista. A representação protocolada no MPF averigua a responsabilidade da empresa alemã.

O jornal afirma que a Volkswagen é a “primeira empresa a negociar uma reparação judicialmente por ter financiado ou participado ativamente da repressão à oposição política e ao movimento operário durante a ditadura militar no Brasil”. No entanto, Grieger desmentiu à DPA uma oferta de negociações sobre reparações.

Segundo o diretor, ainda não houve avanço sobre uma reparação coletiva pedida por alguns, porque ainda não está claro como ela poderia ser configurada. Grieger afirma que ainda são necessárias mais conversas com as vítimas e que um pedido de desculpas oficial da Volkswagen também está sendo cogitado. O representante da montadora afirmou que novas conversas estão previstas para o início de 2016.

Grieger reúne desde 2004 informações e documentos sobre as acusações de apoio da empresa à ditadura militar no Brasil. Além do diretor e de Pedro Antônio de Oliveira Machado, procurador regional dos Direitos do Cidadão do MPF, sindicalistas, pesquisadores e algumas das vítimas participaram da reunião na sede do MPF em outubro.

A Volkswagen atua no Brasil desde 1953 e emprega atualmente cerca de 20 mil trabalhadores no País. (Com agências internacionais)

apoio_04