Partido de Erdogan retoma maioria absoluta na Turquia; presidente cobra maturidade internacional

recep_erdogan_1001 (umit bektas - reuters)

Após o fechamento das urnas, na tarde de domingo (1º), o grande suspense na Turquia era se o governista Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), do presidente Recep Tayyip Erdogan, reconquistaria a maioria absoluta perdida no pleito parlamentar de junho.

Erdogan apostou todas as fichas nas antecipadas eleições legislativas. E ganhou em toda as frentes. O AKP, partido de matriz islamita do Presidente turco, conquistou 316 dos 550 assentos do Parlamento da Turquia e prepara-se para constituir esta segunda-feira um novo governo. Arrasou a oposição com a bandeira da segurança e da unidade. Reclama agora respeito e maturidade internacionais.

As apurações das eleições gerais superaram as expectativas: com 49,3%, o AKP, legenda conservadora de matriz islamita, passa a ocupar 316 dos 550 postos do Parlamento em Ancara, voltando a governar sozinha. O AKP arrasou a oposição com a bandeira da segurança e da unidade, portanto agora cobra respeito e maturidade da comunidade internacional.

Falando à multidão reunida diante de sua residência em Konya, Anatólia, antes mesmo do fim da contagem, o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, classificou o resultado “uma vitória para a democracia e para o nosso povo”. No Twitter, o chefe de governo celebrou com um “Elhamdülillah…” – Aleluia.

Em segundo lugar ficou o Partido Republicano do Povo (CHP), de centro-esquerda, com cerca de 25% dos votos, seguido pelo ultradireitista Partido do Movimento Nacionalista (MHP), com 12%. Ele foi o que acusou as maiores perdas em relação a junho, quando obtivera 16,3%, depois que o AKP arrebatou parte de seu eleitorado, aproveitando-se da proximidade ideológica entre os dois partidos.

Outro resultado aguardado com expectativa era o do pró-curdo Partido Democrático dos Povos (HDP). Durante a campanha eleitoral, Erdogan o acusou de não passar de braço político do banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), e instou os turcos a lhe “voltarem as costas”. Ainda assim, o HDP obteve 10% dos votos, alcançando o mínimo necessário para manter seus mandatos no Parlamento.

Segurança elevada

Em várias partes da Turquia, as semanas que antecederam a votação deste domingo foram marcadas por tensões políticas e étnicas. Após o atentado de 10 de outubro, em Ancara, que matou 100 pessoas, foram adotadas medidas de estado de emergência, como batidas policiais e toques de recolher.

A ida às urnas foi cercada por medidas de segurança extraordinárias, com quase 400 mil policiais mantendo presença ostensiva. Na cidade de Diyarbakir, de maioria curda, assim como em todo o sudeste da Turquia, a polícia ocupou os locais de votação com veículos blindados. Assim que se consolidou a vitória do AKP, ocorreram choques violentos entre os agentes e manifestantes.

Desde o pleito de junho, em que obteve 40,9% dos votos, o AKP estava impedido de governar sozinho, como era o caso desde que assumiu o poder, em 2002. Depois que fracassaram as negociações para constituição do governo, o presidente convocou eleições antecipadas.

A oposição o acusa de ter travado a formação de uma coalizão com o CHP, visando forçar um novo escrutínio. O governo Erdogan tem sido alvo de críticas tanto internas quanto internacionais, devido a uma longa série de medidas autocráticas e violações dos direitos humanos. (Com agências internacionais)

apoio_04