Petrolão: em depoimento a Moro, principal delator da Lava-Jato confirma que Gleisi recebeu R$ 1 milhão

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Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e principal delator da Operação Lava-Jato, Paulo Roberto Costa reafirmou, na terça-feira (10), em novo interrogatório conduzido pelo juiz federal Sérgio Moro, que a senadora petista Gleisi Helena Hoffmann beneficiou-se do esquema de propinas da Petrobras, o malfadado Petrolão.

Gleisi embolsou R$ 1 milhão do esquema a partir de um pedido feito em 2010 pelo marido da senadora, o então ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento). Paulo Roberto concordou com o pedido e autorizou que o doleiro Alberto Youssef providenciasse o montante e viabilizasse a entrega, que aconteceu em Curitiba, em um shopping no centro da capital paranaense.

Durante o depoimento, Paulo Roberto Costa revelou diversos detalhes do modus operandi do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da História. Ele disse, por exemplo, que o esquema de corrupção na diretoria de Abastecimento da estatal começou a beneficiar também o PMDB quando outro delator, Fernando Soares (o Fernando Baiano), por decisão do falecido deputado José Janene (PP-PR), passou a fazer o papel até então desempenhado pelo doleiro Alberto Youssef junto à empreiteira Andrade Gutierrez.

Até então a área era “explorada” pelo PP, que detinha o poder de nomear o diretor que ajudaria a fazer a ponte entre as empreiteiras e os partidos políticos e seus beneficiários.

“O Fernando tinha amizade, um relacionamento muito bom com a cúpula da Andrade”, disse, explicando a escolha de Janene. O ex-executivo afirmou também que Baiano cultivava um relacionamento “muito estreito” com o PMDB e mantinha reuniões frequentes com o atual presidente do Senado, Renan Calheiros. “Tudo levar a crer que era uma relação mais que social”, insinuou Costa, que apenas citou, entre os operadores da propina, um aliado de Renan Calheiros, o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB/CE).

De acordo com Costa, a chegada de Baiano ao esquema de propina na Diretoria de Abastecimentos mudou a rotina estabelecida com o PP. “O Fernando e o deputado Aníbal Gomes (PMDB/CE) decidiram que o PMDB receberia (parte da propina) a partir dos contratos novos. Os que estavam em andamento continuariam com o PP”, revelou.

Também beneficiário do esquema, Costa disse que até hoje desconhece o paradeiro de U$ 1 milhão dos U$ 4 milhões que Baiano devia a ele. Segundo afirmou no depoimento, o operador ligado ao PMDB pagou U$ 3 milhões em depósitos no exterior e não prestou contas do restante. Antes, havia recebido U$ 1,4 milhão no Brasil, em dinheiro. “Deve estar em alguma conta dele por aí”, disse Costa, para quem “era difícil Baiano honrar” os pagamentos.

“Chegou uma hora em que ele não foi mais recebido na minha casa”, completou Costa, que chegou a convidar Fernando Soares até para festa de aniversário da família. A origem de todo esse dinheiro, acredita, seriam as construtoras Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão.

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